Justiça requisita a recaptura de Razera

O policial civil Délcio Razera deve voltar para a prisão. Ele foi solto ilegalmente, na última sexta-feira, por uma confusão da Justiça. Razera responde a dois processos, um na 5.ª Vara Criminal de Curitiba, por porte ilegal de armas, e outro em Campo Largo, por escutas telefônicas ilegais e formação de quadrilha. O alvará de soltura foi emitido em Curitiba, mas Razera não deveria ter obtido a liberdade porque não foi liberado no outro processo. Ontem, o juiz do Fórum de Campo Largo, Gaspar Luiz de Mattos Araújo, requisitou a recaptura do policial.  

Razera não deveria ter ganhado a liberdade porque responde por dois processos e o alvará de soltura foi expedido apenas pela 5.ª Vara Criminal de Curitiba. Para evitar que problemas como esse ocorram, as ordens judiciais vão para a Vara de Execuções Penais, que verifica se o acusado tem outras pendências com a Justiça antes de liberá-lo. O processo transcorreu normalmente e mesmo assim Razera conseguiu a liberdade.

Segundo informações da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, onde o policial permaneceu preso desde o início de setembro, Razera só foi solto porque um oficial de Justiça da Vara de Execuções Penais (VEP) apresentou o alvará de soltura. No documento constava que não havia mais qualquer pendência contra ele. A reportagem de O Estado não conseguiu contato com a VEP para comentar o assunto.

Segundo o advogado de uma das vítimas das escutas telefônicas, René Dotti, a soltura do policial teve características fraudulentas e pode configurar crime para ser apurado. A reportagem tentou entrar em contato com a Promotoria de Investigação Criminal (PIC), um dos órgãos responsáveis pela prisão de Razera, mas não obteve resposta. O advogado do policial, Luiz Fernando Comegnio, também não foi encontrado. Segundo informações da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), até o fim da tarde de ontem, a Corregedoria da Polícia Civil não havia recebido o pedido de prisão.

Além de responder aos dois processos, Razera também teve que comparecer, no período em que ficou preso, à Assembléia Legislativa, que instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os grampos telefônicos. Num dos depoimentos, Razera disse que foi pressionado para que acusasse o governador Roberto Requião de ser mandante de grampos ilegais. ?Eu não tenho nada com isso, nem o governador. A minha prisão foi usada de forma direta na campanha?, disse na época. No entanto, o ano legislativo chegou ao fim e o relatório da CPI nem chegou a ser votado ou discutido. Em Campo Largo, o processo está parado devido ao recesso da Justiça.

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