Banco dos réus

Júri de Márcia do Nascimento vai madrugada adentro

O júri popular de Márcia do Nascimento, acusada de envolvimento na morte de Louise Sayuri Maeda em maio de 2011, teve início às 9h de ontem, no Tribunal de Justiça. Márcia foi acusada de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Outros dois acusados de participação no crime, Elvis de Souza e Fabiana Perpétua de Oliveira, recorreram da pronúncia por júri popular. O recurso ainda está em trâmite.

O julgamento

Márcia chegou minutos antes do horário marcado para início do júri, sem o uniforme da penitenciária. Ela estava bem vestida, de salto alto, com os cabelos soltos e bem cuidados. Permaneceu a todo tempo sentada em uma cadeira atrás da sua equipe de defesa.

Durante a manhã, apenas duas testemunhas foram ouvidas: um policial civil envolvido na investigação do homicídio e o pai de Elvis. No restante do dia, outras cinco testemunhas prestaram depoimento, entre elas a mãe de Louise, Deise Maeda. Duas testemunhas faltaram e outras três foram dispensadas.

O advogado de defesa de Márcia, Haroldo Nater, lembra que Márcia é ré confessa, porém acredita que algumas qualificadoras do crime não devem ser aceitas. “Quando eu li a denúncia pensei que a Glória Perez tinha feito. Não há lógica e não há consenso. A confissão da Márcia foi retirada mediante tortura, mas em parte retrata a verdade”, afirmou.

Traficante

Ele defendeu que Márcia foi compelida a se envolver no homicídio a mando de um traficante, e que Fabiana seria a principal mentora do crime. De acordo com ele, Louise teria sido assassinada porque descobriu o esquema de tráfico. “Fabiana realizava o comércio de entorpecentes no shopping. Se ela e o Elvis não tivessem convencido a Márcia a entrar no carro, nada disso teria acontecido”, garante o advogado. A família de Louise não acredita nesta versão. Akira Maeda, irmão da vítima, disse que há informações que a Márcia tinha envolvimento com o tráfico, mas que isso não teve nenhuma relação com a morte de Louise. Toda a família esteve presente com faixas e camisetas homenageando a vítima, com os dizeres “paz na terra”.

Críticas

Por volta das 22h, teve início a última participação da defesa, que durou cerca de uma hora. Os advogados voltaram a fazer duras críticas a denúncia oferecida pelo Ministério Público, com objetivo de reduzir a pena. O júri seguiu até o começo da madrugada, com perspectiva de condenação de Márcia por homicídio, restando definir se será imputado a ela a tripla qualificação e ocultação de cadáver.

Armação contra a gerente

Louise era gerente de uma iogurteria no shopping Mueller e Fabiana e Márcia, suas funcionárias. A investigação aponta que as duas desviavam dinheiro do caixa e decidiram matar a gerente, porque ela teria descoberto o esquema. A hipótese de ligação do homicídio com tráfico de drogas foi descartada no início da investigação, mas consta no inquérito.

Após o expediente de 31 de maio, no carro de Elvis, então namorado de Márcia, os quatro foram até a Rua Nicola Pellanda, na divisa com Fazenda Rio Grande. Lá Louise foi morta com dois tiros na cabeça e jogada no Rio Iguaçu. A investigação aponta que Elvis efetuou o primeiro disparo e que o segundo tiro pode ter sido feito por alguma das outras acusadas.

Encontro

O corpo foi arrastado pela correnteza e encontrado mais de duas semanas depois. A arma do crime foi apreendida na casa do tio de Elvis. Fabiana e Márcia foram presas no dia seguinte ao achado de cadáver. Elvis se apresentou à polícia dias depois. Todos permanecem presos.

Aliocha Maurício
Jurados iriam avaliar participação de Márcia no homicídio.