Irmãos trucidados a facadas

Um crime brutal e cercado de muito mistério surpreendeu moradores de um edifício de classe média-alta no Bigorrilho. Os irmãos Sílvio Leciuk, 36 anos, e Tatiana Leciuk, 21, respeitados e considerados tranqüilos e pacatos pela vizinhança, foram assassinados a facadas dentro do apartamento 108, bloco A, do Condomínio Padre Anchieta, na rua do mesmo nome, onde ambos moravam. Sílvio, professor de Biologia numa escola da rede estadual e síndico do prédio, estava nu no chão do quarto e a irmã, estudante de Fisioterapia da Universidade Federal do Paraná, com traje de dormir num outro quarto, quando a zeladora viu pela janela marcas de sangue na moradia e pediu ajuda, às 11h de ontem. A hipótese de assalto foi logo descartada pela polícia.

O investigador Henrique, da Delegacia de Furtos e Roubos, morador do condomínio, atendeu o chamado dos vizinhos e foi o primeiro a entrar no apartamento 108. A porta estava trancada, sem chave no lado interno da fechadura. No quarto de Sílvio, muito sangue. “Parece que houve luta corporal”, suspeita o policial, relatando que Sílvio era respeitado pelos moradores – tanto que já cumpria o segundo mandato como síndico. Tatiana, que conforme relato dos vizinhos, era quieta, também nunca causou problemas visíveis. Bens de valor, como computador, e o relógio do professor não foram tocados, indicando a vontade do assassino não era o roubo. “Provavelmente foi alguém do convívio das vítimas”, suspeita Henrique.

Alguns condôminos lembraram que Sílvio teve desentendimento com um grupo de jovens, que teria promovido barulho e alguns danos durante uma festa no condomínio, sábado à noite. Mas a polícia não acredita que uma discussão pequena como esta tenha motivado um crime tão bárbaro. “Uma moradora disse que ouviu três tiros sábado à noite. Mas pode até ter sido uma bombinha”, disse o investigador.

A hipótese de assassinato seguido de suicídio foi descartada pelos policiais militares que atenderam o caso. “Isso é praticamente impossível quando as duas vítimas têm apenas sinais de facadas. Além disso, o relacionamento era tranqüilo entre os irmãos, segundo os vizinhos”, disse o soldado Isidoro, do 12.º Batalhão da PM. A família das vítimas é de Apucarana, Norte do Estado. Sílvio morava há muitos anos no prédio e acolheu a irmã quando ela deixou o interior para estudar em Curitiba.

Fuga

Às 0h40, o possível assassino saiu do prédio, levando o Monza quatro portas da vítima. Segundo testemunhas, era um homem branco, de cabelos grisalhos, que deixou a garagem do prédio em alta velocidade, sem acender os faróis. Ontem, o Monza foi encontrado num posto de combustíveis da Rua Jerônimo Durski, Campina do Siqueira, a poucas quadras do local dos assassinatos. Dentro dele, havia uma faca grande, sem vestígios de sangue, e uma jaqueta. O banco de trás apareceu furado e a chave ficou na ignição. O veículo foi apreendido para perícia do Instituto de Criminalística. De acordo com o delegado Agenor Salgado, titular da Delegacia de Homicídios, há possibilidade do sistema interno de vídeo do posto de combustíveis ter filmado o momento em que o condutor do carro o abandonou no local. “A fita será requerida”, disse.

Investigação

O delegado informou que algumas pessoas já foram ouvidas sobre os últimos passos das vítimas. Pelas informações colhidas, Tatiana foi deixada pelo namorado na portaria do prédio às 22h30 de domingo, enquanto Silvio chegou por volta das 0h40, acompanhado.

O duplo homicídio ocorreu durante a madrugada e foi motivado por um desentendimento entre a visita e Silvio, que recebeu cinco facadas, a maioria no peito. A jovem foi morta com uma pontada, possivelmente porque poderia reconhecer o autor. Uma queima de arquivo.

Aparentemente nada foi levado do apartamento. A sala estava em ordem, assim como o quarto da jovem. O quarto de Silvio apresentava sinais de que havia sido revirado, possivelmente resultado de uma briga. Em meio a tanto sangue que ficou espalhado pelo chão e paredes, a polícia conseguiu encontrar jogada dentro do vaso sanitário do banheiro uma faca. O próximo passo da Delegacia de Homicídios será levantar a identidade da pessoa que acompanhou Silvio até o apartamento durante a madrugada.

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