Um dos suspeitos de envolvimento na morte de uma professora, na frente de um brechó, no ano passado, fazia parte da quadrilha de assaltantes de carro de luxo que trocou tiros quatro vezes com a polícia em menos de dois meses e foi desmantelada pelo Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). Luiz Fernando Arcílio, 21 anos, foi preso no ano passado, mas foi solto por engano do Complexo Médico Penal (CMP) em dezembro. Além dele, quatro suspeitos são acusados do latrocínio da educadora.
Luiz Fernando disse ontem que era flanelinha e assumiu ser ladrão de carro. No entanto, negou participação na morte da professora Renata Melo do Amaral, 36. Ela teria reagido ao assalto pois era a segunda vez que os marginais tentavam roubar seu Astra. “Estava machucado em casa. Tanto é que eu fui preso por 30 dias e saí da cadeia porque não tinha prova contra mim. Não foi um erro terem me soltado. Sou ladrão, mas nunca iria matar uma vítima”, alega.
Dezena
A quadrilha, segundo o delegado Leonardo Carneiro, é responsável pelo roubo, de pelo menos, dez veículos. Quatro integrantes do bando foram capturados e um deles morreu em confronto. Alexandre Régis Franco, 22, e um adolescente, de 17 anos, foram detidos no pátio de um supermercado, no Jardim das Américas, no dia em que a quadrilha trocou tiros com a polícia perto do Museu Oscar Niemeyer (MON), no Centro Cívico. Na semana passada, em Almirante Tamandaré, Luiz Fernando e dois adolescentes, de 17 anos, foram detidos após o confronto em que Gilson Ramos dos Santos, 32, morreu.
Ele havia sobrevivido à outra troca de tiros dois dias antes, quando a polícia tentou abordar uma Fiorino branca e foi recebida a tiros de pistola 9 milímetros. Os bandidos conseguiram fugir, mas Gilson foi baleado na ação. A Fiorino foi recuperada dentro do campus da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Depois do confronto, um dos marginais fez chacota da polícia no Facebook: “erraro o pulo…kkkk”.
Material
No “QG” da quadrilha, em Almirante Tamandaré, os policiais apreenderam vários objetos, entre eles três chaves de veículos roubados, duas armas, uma farda da Polícia Militar (Batalhão de Guarda) e blocos de receituário médico, inclusive de medicamentos controlados, que estariam dentro de um dos carros roubados. “Luiz Fernando disse que a farda foi encontrada num dos veículos roubados, mas o furto da farda pode ter sido encomendado”, observou o delegado Leonardo Carneiro, do Cope. A polícia também apreendeu um cartão de memória contendo dois vídeos em que um dos adolescentes e Luiz Fernando aparecem praticando tiro ao alvo e exibindo uma pistola cromada de calibre 380.
Segundo o delegado, foram três meses de investigação. Os bandidos costumavam se revezar. Enquanto uns roubavam os veículos, outros iam buscar os automóveis, deixados para “esfriar” em vários cantos da cidade. “Eles são perigosos e audazes. Além de carros, roubavam residências e estabelecimentos comerciais e aterrorizavam as vítimas”, disse o delegado. Contra Luiz Fernando e Gilson havia mandados de prisão preventiva.