Alteração

Governo muda regras de fundo rotativo da Polícia Civil

Mauri König, Diego Ribeiro, Felippe Aníbal e Albari Rosa

O governo do Paraná decidiu mudar as regras do fundo rotativo da Polícia Civil, depois das denúncias da Gazeta do Povo sobre delegacias fantasmas no Estado, na edição de ontem. Em reunião extraordinária à tarde, no Palácio Iguaçu, o governador Beto Richa (PSDB) tratou do assunto com a cúpula das polícias Civil e Militar. Uma resolução da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) passará a gestão do fundo para 27 delegados-chefes de divisões e subdivisões policiais, uma espécie de regionais administrativas da Polícia Civil no Estado. Hoje, cada delegado responsável por uma delegacia gere o dinheiro do fundo.

Richa determinou que a Corregedoria da Polícia Civil investigue as denúncias. Após a reunião, o secretário de Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César Sobrinho, o delegado-geral da Polícia Civil, Marcus Vinicius Michelotto, e o diretor do Grupo Auxiliar Financeiro (GAF), Pedro Reichembak Brito, afirmaram que o governo já estudava mudanças na administração do fundo rotativo.

O governo deve publicar hoje, no Diário Oficial do Estado, a resolução que coloca a mudança em prática. “Desde 1996 se fala do problema de gestão deste fundo e, por isso, desde o início desta gestão temos nos debruçado sobre ele”, ressalta Almeida César.

Haja gasolina

Entre tantos exemplos, a reportagem expôs o caso de Cruzeiro do Sul, cuja delegacia está fechada há seis anos e ainda recebe dinheiro do fundo rotativo da Polícia Civil: R$ 75.635 nos últimos oito anos. Em nota oficial, o governo diz que o atendimento na cidade é feito pelo delegado gestor da regional de Paranacity, com uma viatura Parati, ano 2001, placa AJZ-8162. “Portanto, a verba destinada ao município é para combustível para esta viatura e outras despesas”, diz a nota. O governo só não explica quais são as “outras despesas”, já que a unidade está fechada.

Portanto, se os gastos em Cruzeiro do Sul forem apenas com combustível, os R$ 11.050,00 repassados no ano passado dariam 4.420 litros de gasolina, a um custo de R$ 2,50 o litro. A uma média de 8 km rodados por litro, se chegaria a 35.360 km no ano, média de 97 km por dia, incluindo sábados, domingos e feriados. O curioso é que Cruzeiro do Sul fica a apenas 10 quilômetros de Paranacity e entre 2008 e 2010 não houve um inquérito sequer instaurado na cidade.