Golpe de financiamento está se tornando frequente

Um golpe, que vem lesando financeiras em todo o País, está se tornando freqüente no Paraná. Os casos de “finan”, onde um veículo é adquirido através de um financiamento que nunca será pago, são cada vez mais evidentes. De acordo com informações da Delegacia da Receita Federal de Foz do Iguaçu, 90% dos veículos novos apreendidos na região da fronteira com o Paraguai são produtos resultantes do “finan”, os chamados pizeiras.

Na região de Foz, os pizeiras são usados por traficantes de drogas e contrabandistas. De acordo com o delegado chefe da 6.ª Subdivisão de Polícia Civil de Foz do Iguaçu, Alexandre Macorin de Lima, com os pizeiras, os contrabandistas não correm o risco de perder o valor total do veículos, caso sejam abordados pela fiscalização. “Se o indivíduo for flagrado com a “muamba”, ele só perde a primeira parcela. Como ele não paga o restante das prestações, ele tira esse investimento inicial em, no máximo, duas viagens com o contrabando”, afirma o delegado.

Os pizeiras também são utilizados pelo crime organizado. Alexandre Lima conta que a situação é semelhante a dos traficantes. “Fica difícil encontrar o destinatário ou o traficante que encomendou as drogas, caso o carregamento seja flagrado pela fiscalização”, comenta.

Segundo o delegado do 8.º Distrito Policial de Curitiba, Gerson Machado, para enganar as financeiras e conseguir a liberação do veículo, os estelionatários se utilizam de duas formas: ou usam um “laranja” para fazer a compra na financeira, ou alteram documentos furtados. Em ambos os casos, os criminosos armam um esquema de confirmação da idoneidade do comprador para que o crédito seja aprovado.

Machado conta que os golpistas fazem dos carros pizeiras um negócio altamente lucrativo. Como a transferência da documentação dos veículos não estaria restrita à dívida dos proprietário, a venda desses carros é feita de forma legal. “Muitas vezes o veículo é refinanciado. Além de ficar com o dinheiro repassado pela financeira, os golpistas vislumbram um lucro líquido numa posterior venda do carro. Assim, qualquer valor significa dinheiro em caixa”. O delegado alerta que um carro que é oferecido por um valor muito abaixo do preço praticado no mercado, é agregado a uma suspeita muito forte de que trata-se de um produto resultante de golpe. “Um carro que custaria R$ 50 mil chega a ser vendido por R$ 10 mil, R$ 15 mil. A diferença de preço evidencia o que há por trás do veículos”, afirma Machado.

Segundo o delegado, os carros pizeira que estão em circulação podem gerar outros tipos de prejuízo para a sociedade. “Geralmente, a pessoa que compra um carro nessa situação sabe o que está levando para casa. Ele pode ficar por muito tempo com o veículo até que seja expedida a execução de busca e apreensão do veículo. Assim, os motoristas desses carros não se preocupam com multas e outros cuidados que se deve ter ao conduzir um veículo”, conta.