Garoto foi morto com tiro por xingar quadrilheiro

O garotinho David Fernando Leal, 10 anos, não foi vítima de bala perdida, conforme se supunha. Ontem, a perícia e a polícia concluíram – durante a reconstituição do crime -, que o menino foi executado com um tiro na nuca porque xingou o assassino. Segundo testemunhas, o autor é Elias de Oliveira Reis, o ?Diego?, 21 anos, preso no dia seguinte ao crime, junto com outras nove pessoas.

O assassinato ocorreu às 19h30 de 1.º de maio último, no bairro Rio Pequeno, em São José dos Pinhais.

Durante a reconstituição houve lágrimas, revolta, depoimentos contraditórios e até duas prisões. Enquanto a mãe do menino morto chorava e pedia por Justiça, a irmã de ?Diego?, Rosemar Oliveira dos Reis, a ?Rose?, 26 anos, e Luís Carlos Barbosa, 45, tentavam tumultuar o trabalho da polícia, com informações contraditórias. As mentiras foram descobertas e ambos conduzidos à delegacia. Luís acabou confessando que mentiu a pedido de ?Rose?, para tirar ?Diego? da cadeia, e foi autuado em flagrante por falso testemunho. A juíza Luciana Regina Ferreira foi informada do episódio e decretou a prisão de ?Rose?, por coação.

Testemunhas

O delegado Paulo Silveira, de São José dos Pinhais, informou que já ouviu 18 testemunhas do caso e a maior parte delas aponta ?Diego? como autor. ?Inicialmente falava-se em troca de tiros entre gangues rivais, mas hoje ficou comprovado que não foi isso que aconteceu?, comentou o delegado.

As dúvidas que existiam devido às contradições nos depoimentos de testemunhas e acusados foram esclarecidas com a reconstituição.

O superintendente Altair Ferreira informou que Romildo Aparecido Pedro, conhecido por ?Bidão?, revelou que ?Diego? – naquela noite – foi até a casa da irmã buscar duas armas: um revólver calibre 32 e uma pistola calibre 380.

?O Bidão entregou as armas e permaneceu na casa. Diego saiu, trocou palavrões com o garoto e desferiu um tiro na nuca dele. A perícia constatou que o tiro foi de perto, descartando a hipótese de bala perdida?, confirmou o policial. A pistola usada na execução ainda não foi encontrada. ?Bidão? foi indiciado em inquérito policial como partícipe do homicídio.

Altair explicou que os outros presos um dia após a execução, embora não tenham envolvimento direto com o crime, vão continuar recolhidos no xadrez, acusados de porte ilegal de arma e formação de quadrilha.

Mãe sofre ameaças

Inconsolável com a lembrança do dia da execução de seu filho David, Marli Aparecida Coutinho Leal acompanhou o trabalho policial. ?Nunca mais voltei aqui depois daquele dia. Fui embora para proteger a minha vida e a dos dois filhos que me restaram?, disse a mulher, com os olhos cheios de lágrimas.

Ela deixou a casa onde morava, no beco que liga as ruas João Atílio Bortolotti e Marta Bastos, logo depois do crime. ?Levaram quase tudo. A comida que eu tinha, o botijão de gás, roupas. Agora vivo de casa em casa, de favor, com uma sacola plástica levando o pouco que sobrou?, comentou.

Marli denuncia que, mesmo longe do bairro, continua sendo ameaçada pela família de ?Diego?. ?Eles querem que eu mude meu depoimento?, contou. A mulher afirmou que só voltou ao local porque estava acompanhada de policiais civis, militares e guardas municipais.

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