Família inteira chacinada em Colombo

Em nome do tráfico de drogas, uma família inteira foi dizimada na sexta-feira à noite em Colombo. Na maior e mais cruel chacina da história da Grande Curitiba, nove pessoas foram assassinadas. Nem mesmo crianças pequenas e um adolescente que estavam na casa foram poupados. Eles foram amordaçados e amarrados, assim como seus pais e avós – todos executados a tiros de pistola calibre 380. Numa cena de violência sem precedentes, as crianças ainda receberam diversos golpes de picareta. Apenas três pessoas, entre elas um bebê de apenas um ano e meio, escaparam com vida da sanha dos assassinos.

A cena tétrica aconteceu na casa número 863 na Rua Izabel Capelari Antoniami, no bairro Alto Maracanã, onde morava a família do traficante Hélio Dias Duarte, 51 anos. Quando a polícia chegou, por volta das 23h, havia oito corpos espalhados pelo chão da moradia. Luciano Augusto Damásio, de 27 anos, uma das vítimas, ainda respirava. Ele chegou a ser socorrido e levado para o hospital, onde chegou já sem vida. Caíque dos Santos Duarte, 10 anos, um dos filhos de Hélio, estava vivo. Já Luciane Andrade, 22, fingiu que estava morta durante a barbárie e conseguiu escapar do local assim que os assassinos fugiram, para pedir socorro, com um bebê no colo – irmão das outras crianças assassinadas.

Luciane, nora de Hélio, o bebê e o garoto Caíque foram os únicos sobreviventes da chacina. A mulher levou um tiro no pescoço e o garotinho foi baleado de raspão no queixo. Caíque e Luciane estão internados na UTI do Hospital Cajuru, ainda sem condições de prestar depoimentos à polícia.

Vingança

A polícia trabalhou rápido no caso e já tem o nome de um dos autores da chacina, que está sendo caçado pelos investigadores. O motivo seria vingança por causa de dívida com drogas. Segundo o delegado Messias Antônio da Rosa, da delegacia do Alto Maracanã, três equipes estão trabalhando na investigação. Além de policiais da delegacia, estão envolvidos também investigadores do Cope (Centro de Operações Policiais Especiais) e da Dinarc (Divisão de Narcóticos), devido ao histórico de Hélio Duarte como traficante. Ele já cumpriu pena na Penitenciária Central do Estado e esteve preso diversas vezes por tráfico.

“Já sabemos quem é um dos autores desta chacina, e ele é daqui de Colombo mesmo”, disse o delegado Messias. Segundo ele, até o momento não há provas de conexão entre o crime e a chacina ocorrida na última quinta-feira, no bairro Uberaba, em Curitiba, quando cinco pessoas foram mortas. O policial disse também que o autor teria mais um ou dois comparsas.

Indefesos

A lista de vítimas inclui os pequenos Kauã dos Santos Duarte, de apenas 4 anos, e seu irmão Kauê dos Santos Duarte, de 8. Crianças indefesas, que foram mortas com requintes de crueldade, assim como o outro irmão, Renan Alberto Duarte, de 14 anos. Todos foram amordaçados e executados a sangue frio, sem nenhuma chance de defesa. Além de receberem tiros, ainda foram golpeados com uma picareta, encontrada pela polícia dentro da casa e suja de sangue. “A residência estava em obras e os criminosos usaram um instrumento que já estava lá, além das armas deles”, explicou o delegado Messias.

Também morreram na chacina Teófilo Inácio Pontes, de 85 anos, e Rosa Mendes Duarte, de 72, respectivamente padrasto e mãe do traficante Hélio Dias Duarte; o casal Josiane Borges dos Santos, 29 anos, e Hélio, 51, pais das crianças assassinadas, e ainda Ricardo Aurélio Duarte, de 29 anos, também filho de Hélio, de um casamento anterior.

Sobrevivente

Luciane, a única pessoa adulta que escapou da saraivada de tiros, é nora de Hélio e transformou-se em peça-chave para elucidar o crime. Ao ser baleada, ela caiu no chão e permaneceu quieta, aguardando os criminosos deixarem o local. Em seguida, pegou o bebê de um ano no colo, e, derramando, sangue pelo caminho, foi até a casa de uma vizinha pedir socorro.

O Siate foi acionado. Quando chegaram no local, os socorristas prestaram atendimento a Luciane. Depois foram até a casa para ver se havia sobreviventes. Encontraram ainda vivos Caíque Duarte e Luciano Augusto Damásio, de 27 anos, que foram levados para o Pronto-Socorro do Alto Maracanã junto com Luciane e o bebê. O rapaz não resistiu aos ferimentos e chegou já sem vida. Os outros sobreviventes foram, em seguida, removidos ao Hospital Cajuru, onde permanecem internados.

Fuga

As informações que chegaram à polícia são de que os vizinhos ouviram cerca de dezesseis tiros. Em seguida, duas pessoas ocupando uma motocicleta saíram do local em alta velocidade. “Os criminosos chegaram na casa por volta das 21h e lá permaneceram até as 22h, aproximadamente”, relatou o delegado Messias.

Os dois homens teriam ido à casa de Hélio para comprar drogas, mas um dos moradores teria se negado a vender – possivelmente por causa de dívidas anteriores dos compradores. Com a discussão, os dois sacaram suas armas. Enquanto um apontava a pistola para as vítimas, o outro as amordaçava e as amarrava com tiras de pano. Em seguida, todos foram alvejados.

A cena dantesca impressionou os profissionais da polícia. “Pensei que nunca iria ver um crime assim”, comentou o perito Victório, da Polícia Científica. Segundo avaliação preliminar, os assassinos não arrombaram a porta da residência, corroborando a tese de que eram conhecidos dos moradores. “Acredito que tenham sido pelo menos dois assassinos, um ameaçou as vítimas com arma e outro as amarrou”, disse o perito, confirmando a versão das testemunhas.

Suspense no velório

Na madrugada de ontem, durante o velório das pessoas da família de Hélio Duarte, assassinadas na chacina de sexta-feira à noite, houve um grande tumulto e a polícia precisou ser chamada para reforçar a segurança.

De acordo com o delegado Messias Antônio da Rosa, da delegacia do Alto Maracanã, a confusão começou porque parentes das vítimas acreditavam que os assassinos pudessem estar no local para “terminar o serviço” (matar os demais familiares de Hélio). Isso porque havia rumores de que um veículo preto havia dado cobertura aos dois criminosos que saíram de motocicleta da casa onde houve a chacina.

“Quando avistaram um carro preto passando devagar em frente ao local do velório, houve pânico”, contou o delegado. A confusão foi tão grande que um dos caixões chegou a tombar. A polícia foi chamada e passou a dar segurança no local, o Centro Social do Jardim Adriane, em Colombo.

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