Família de morto só soube do crime quatro dias depois

Por falha de comunicação, a família do aposentado Milton Gomes Ribeiro, 54 anos, encontrado morto a facadas em seu apartamento em 29 de agosto, só soube do crime quatro dias depois. Ontem, o delegado Vinícius Borges Martins tomou conhecimento do caso, pelo irmão da vítima, que compareceu à Delegacia de Furtos e Roubos (DFR).

Milton morava sozinho no primeiro andar de um prédio na esquina das ruas Francisco Torres e Comendador Macedo, centro. A região é frequentada por andarilhos e usuários de droga.

Por volta das 4h, um homem teria entrado pela janela do apartamento da vítima, que fica apenas a cinco metros da calçada. Vizinhos ouviram uma discussão seguida de gritos de socorro e chamaram a Polícia Militar. Depois de golpear a vítima, o invasor fugiu pela mesma janela.

BO

Segundo o delegado, os policiais que atenderam a ocorrência não comunicaram os parentes da vítima. “A família poderia ter sido avisada, porque o celular e a identidade de Milton estavam no apartamento. O corpo ficou cinco dias no Instituto Médico-Legal para ser liberado. Só soube da situação hoje porque o atendimento e boletim foram feitos pela PM”, destacou o delegado. Martins apontou falhas no boletim de ocorrência unificado.

“Quando a PM faz o BO, o encaminha de forma eletrônica. E, às vezes, demora três dias para chegar ao sistema e termos acesso às informações”. Como naquele dia, Milton planejava ir para São Paulo visitar a filha, a família não estranhou sua ausência.

Passados alguns dias, uma vizinha estranhou nenhum parente ter aparecido no apartamento e telefonou para o irmão da vítima. A família só deu por falta da carteira de Milton. Segundo o delegado, o celular foi recolhido pelo Instituto de Criminalística, e o documento de identidade “apareceu” no IML quando a família foi retirar o corpo.

Investigação

Vinícius conta que a equipe da DFR atendeu o local do crime, depois do trabalho da perícia. “Talvez o autor tenha levado a carteira para despistar as investigações e, portanto, o crime se caracteriza como homicídio. Todos os outros objetos ficaram no apartamento, que ficou aberto. Durante esses período alguém pode ter levado a carteira”, supõe o delegado.