Empresários presos nos EUA chegam ao Paraná

Os empresários Adilson Tadeu Soares e Marcos Campos Gonçalves, presos em Miami acusados de envolvimento no esquema de fraude em importações desmantelado pela Operação Dilúvio da Polícia Federal, chegaram ao Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, durante a madrugada de ontem. Ao desembarcarem, os empresários receberam voz de prisão e foram encaminhados à superintendência da PF na capital, onde prestaram depoimento e permanecem presos. O Departamento de Polícia Federal (DPF) informa que parte dos presos em decorrência da operação serão transferidos para Curitiba, base das investigações.

Soares e Gonçalves eram sócios de Antônio Carlos Mansur, dirigente da MAM, empresa de importação com sede em São Paulo acusado de comandar o esquema fraudulento. Os empresários, responsáveis pelas empresas Feca International Corporation e All Trade, de Miami, são acusados de comprar mercadorias de uma empresa de exportação americana e repassá-las aos clientes brasileiros declarando valores bem abaixo dos reais.

As investigações apontam que as mercadorias eram exportadas para o Brasil a empresas de fachada, que as repassavam a firmas de pequeno porte, em sua maioria ?laranjas?, para só depois chegarem aos receptadores finais, em geral grandes atacadistas. Os preços declarados nas aduanas, no ingresso dos produtos no Brasil, eram subfaturados e, com isso, recolhia-se menos impostos. A exportadora americana – cujo nome não foi revelado – que vendia os produtos às empresas brasileiras instaladas nos EUA também está sendo investigada. Há indícios de que estaria envolvida na quadrilha.

O Departamento de Segurança Interna dos EUA recolheu US$ 350 mil (cerca de R$ 770 mil) em produtos encontrados em uma das empresas que atuavam nos Estados Unidos. No Brasil, a Receita Federal apreendeu até agora o equivalente a R$ 1,2 milhão em produtos. No total, 118 mandados de prisão foram expedidos pela polícia, dos quais 16 ainda devem ser cumpridos – um deles referente a um empresário maringaense, foragido.

O superintendente da Polícia Federal no Paraná, Jaber Saadi, disse ontem que também poderá haver pedido de prorrogação das prisões temporárias dos principais envolvidos, que vencem na próxima segunda-feira (21), para que a força-tarefa tenha mais tempo para ouvi-los em depoimento e, assim, desvende mais detalhes do esquema. Saadi promete fazer uma ?devassa geral? a partir da análise das documentações e materiais de informática apreendidos, envolvendo desde os cabeças até os varejistas, na outra ponta do esquema. O superintendente disse ainda que a polícia contará com o apoio do Banco Central para apurar a possível lavagem de dinheiro pelos empresários envolvidos no esquema.

Empresas

A polícia investiga agora as empresas suspeitas de se beneficiarem da articulação criminosa. De acordo com a superintendência da PF em Curitiba, ontem eram contabilizadas mais de vinte folhas de papel com os nomes das instituições supostamente envolvidas em todo o Brasil, somando centenas a serem investigadas. Dentre elas, estão importadoras e varejistas com sede no Paraná, inclusive com filiais em outros estados brasileiros. 

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