Delegado confirma porte de quadrilheiro

O delegado Luiz Antônio Zavataro, titular da Delegacia de Explosivos, Armas e Munições (Deam), confirmou ontem que a especializada emitiu um registro e um porte de arma para Mário do Amaral Fogassa, em 31 de março de 2000. Fogassa está sendo apontado pelo Ministério Público como o líder de uma quadrilha envolvida em roubo de cargas – que atuaria inclusive com a conivência de policiais – e tinha antecedentes criminais desde 1982, o que seria impedimento suficiente para a emissão do documento.

Zavataro assumiu a delegacia em abril daquele mesmo ano e não sabe informar quem foi o responsável pelo fornecimento do porte e registro da pistola Glock, calibre 380, comprada por Fogassa. No documento que está arquivado na delegacia há apenas uma rubrica ilegível, sem o carimbo com o nome de quem a assinou. “Somente vendo o porte é que saberemos quem o assinou”, explicou o delegado. A Corregedoria da Polícia Civil também está investigando o caso, bem como o fato de Fogassa possuir três carteiras de identidade com diferentes números e dados iguais.

Rigor

O corregedor-geral, delegado Adauto Abreu de Oliveira, reafirmou ontem que tudo será diligenciado com rigor, muito embora até agora nem o Ministério Público nem a Justiça tenham encaminhado à Corregedoria da Polícia Civil qualquer documento referente às investigações sobre a quadrilha de Fogassa. “Estamos trabalhando com informes obtidos na imprensa”, lamentou Oliveira. Segundo ele, o Instituto de Identificação já informou que houve irregularidades na expedição das carteiras de identidade de Fogassa e os responsáveis por isso estão sendo apurados. O mesmo deverá acontecer na Deam e o delegado que antecedeu Zavataro, Liusson?mar Lino Lopes, deverá ser ouvido para explicar como um porte de arma foi parar nas mãos do quadrilheiro.

O Estado conseguiu contato com Fogassa no final da tarde de ontem e ele afirmou que obteve o porte de arma de “maneira legal”. “Eu comprei a pistola numa loja no Centro Cívico, e a própria loja tratou de ver toda a documentação para mim. Passei lá dias depois e peguei tudo. Nunca entrei na delegacia nem fiz qualquer tipo de exame”, assegurou o acusado. Segundo ele, a pistola foi adquirida porque ele iria para o garimpo de sua propriedade, no Amazonas, e precisava de uma arma para segurança própria. “Apesar de já tê-la há dois anos, nunca disparei um único tiro com ela. Deixo a arma à disposição da Justiça para o que for necessário”, assegurou.

Fogassa disse também que não pretende se entregar às autoridades e que só vai aparecer quando a promotora de Rio Negro, responsável pelo pedido da sua prisão preventiva, receber provas de que ele é inocente. Além da prisão de Fogassa, a promotora Marla Freitas Blanchet denunciou outras 26 pessoas no inquérito, das quais 21 tiveram as prisões preventivas decretadas.

Presos

Até a tarde de ontem, 14 mandados de prisões haviam sido cumpridos. Os presos deverão começar a ser interrogados pelo juiz de Rio Negro em 10 de outubro. Porém, os que são funcionários públicos (como os policiais) têm direito à defesa preliminar, conforme estabelecido no Código de Processo Penal, e deverão apresentá-la antes do interrogatório.

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