11 meses depois

Crime do Morro do Boi tem novas revelações

Uma série de revelações que até agora a Justiça procura manter em sigilo (algumas já publicadas pela Tribuna) serão feitas hoje pelo advogado Nilton Ribeiro de Souza, defensor de Juarez Ferreira Pinto, 43, acusado de ser o assassino do Morro do Boi, crime ocorrido em 31 de janeiro, em Caiobá.

Reconhecido por Monik Pergorari, 23, vítima sobrevivente do atentado (o namorado dela, o estudante Osíris Del Corso, 22, morreu no local), Juarez sempre negou o crime e continua preso.

Por outro lado, um segundo suspeito, Paulo Delci Unfried, 32, que chegou a confessar o crime e foi apanhado com o revólver usado contra os estudantes, permanece em liberdade.

O processo sobre o crime do Morro do Boi está no Fórum de Matinhos e é cheio de dúvidas e contradições. Nilton Ribeiro reclamou inúmeras vezes de cerceamento de defesa e teve vários pedidos de investigações e comprovações de denúncias negados.

Causou estranheza o fato de Paulo ter sido preso com a arma do crime, em junho último, após um assalto em Matinhos com violência sexual contra a vítima, e mesmo assim estar em liberdade a pedido do Gaeco e do próprio Ministério Público.

Revelações

O que o defensor deverá revelar é o conteúdo de cinco inquéritos, todos já nas mãos da promotora local desde julho, em que os delegados pediram a prisão preventiva de Paulo por assaltos violentos que ele praticou em diferentes balneários de Pontal do Paraná, após o crime no morro.

Em um dos roubos, ocorrido 15 dias depois da morte de Osiris, em que foram vítimas uma advogada e um engenheiro, bem como as filhas do casal, Paulo fez ameaças e obrigou as jovens a tirarem as roupas. Ele disparou um tiro na residência e estava com o mesmo revólver usado contra os estudantes.

“Vamos provar que esta arma nunca saiu das mãos do Paulo”, garante Ribeiro. Depois de ter confessado o crime no morro e tentado suicídio na delegacia de Matinhos, Paulo, quando ouvido pelo juiz, negou a autoria e apontou um amigo chamado Célio como sendo a pessoa para quem tinha emprestado o revólver em dezembro.

Estranhamente Célio foi ouvido pelo Gaeco, liberado, e sumiu de Matinhos. A mãe dele confidenciou que foram os promotores do Gaeco que “ordenaram” que ele desaparecesse. O teor de seu interrogatório nunca foi divulgado.

Também é estranha a atitude da promotora de Matinhos, que está com os cinco inquéritos contra Paulo, todos com pedido de prisão preventiva, e não se manifesta sobre os casos.

Como também não permite que sejam feitas cópias dos documentos nem dá acesso a eles para Ribeiro. As vítimas de Paulo temem por suas vidas e não entendem a lentidão da Justiça em prendê-lo.

Paulo também responde a inquérito por atentado violento ao pudor e homicídio culposo, pois atropelou e matou um trabalhador, ao sair embriagado de um bailão.

E já esteve preso acusado de estupro, no interior do Estado. “Se ele não é o assassino do Morro do Boi, pelo menos teria que ser tirado de circulação pelos outros crimes que praticou”, reclamou o advogado.