Cinco quadrilhas que agiam no Paraná e no Mato Grosso do Sul foram desarticuladas

Cinco quadrilhas acusadas de roubo de caminhões e cargas foram desmanteladas ontem, durante a ?Operação Comboio?, desencadeada pelo Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos (Nurce) da Polícia Civil do Paraná. Durante toda a manhã de domingo, os policiais cumpriram 46 mandados de busca e apreensão e efetuaram 21 prisões, cumprindo mandados de prisões temporárias expedidos pela Justiça das comarcas de Catanduvas e Francisco Beltrão. A operação aconteceu simultaneamente em 11 cidades paranaenses e também no município de Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul.

De acordo com o delegado Alexandre Bonzatto, do Nurce, as investigações sobre a atividade ilegal desses grupos teve início há oito meses e, durante esse período, 26 roubos e tentativas de roubo de caminhões e cargas foram imputados aos quadrilheiros. Essas ações geraram um prejuízo às vítimas, de aproximadamente, R$ 6 milhões. Outros roubos estão sendo investigados.

Operação

Desde às 6 horas de domingo, policiais civis do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope) e das delegacias de Francisco Beltrão, Foz do Iguaçu, Toledo, Campo Mourão e Maringá dividiram-se em equipes para cumprir 46 mandados de busca e apreensão e 32 de prisão temporária. As ações aconteceram simultaneamente em Cascavel, Toledo, Guaíra, Maringá, Londrina, Campo Mourão, São Jorge do Ivaí, Curitiba, Araucária, Santa Izabel do Oeste, Barracão e ainda em Mundo Novo (MS). Nas ações os policiais apreenderam telefones celulares, veículos, armas, documentos de veículos, entre outras provas necessárias para a investigação.

Quadrilhas

As quadrilhas agiam principalmente nas regiões fronteiriças do Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. A prioridade era roubar os caminhões e, caso a carga fosse valiosa, também era aproveitada. Os veículos eram levados ao Paraguai e entregues a Claudiomir José da Silveira, o ?Mano?, um brasileiro que, segundo a polícia, mora em Salto Del Guairá, no vizinho País, de onde comanda todo o esquema.

De acordo com o delegado Bonzatto, a quadrilha comandada por ?Mano? é responsável pela compra dos caminhões roubados e também por fornecer a infra-estrutura necessária (logística e armas) para os demais grupos liderados respectivamente por Cícero dos Santos, o ?Batman?; Leandro Rodrigues, o ?Preto?; Leonor Monteiro, 45, o ?Veinho? e Aparecido Fernandes da Costa, o ?Cido?. ?Batman?, ?Preto? e ?Veinho? foram detidos pela polícia juntamente com integrantes de seus bandos. ?Cido? está foragido.

Líder

Para a polícia, ?Mano? é quem encomenda e recebe cerca de 80% dos caminhões roubados nos estados investigados. Ele atua no Paraguai, monitorando os trabalhos das quadrilhas através de telefones celulares e fixos e também por um radiocomunicador. ?Acreditamos que ele possua equipamentos sofisticados para rastrear sinais ou faixas exclusivas das polícias do Paraná e do Mato Grosso do Sul. Com as informações, ele orienta passo a passo as quadrilhas, evitando as armadilhas da polícia?, revelou Bonzatto.

Segundo o delegado, os veículos roubados são comercializados no Paraguai e, às vezes, as quadrilhas chegam a entrar em contato com os proprietários, pedindo uma recompensa para devolver o caminhão.

Clewerson Bregenski e Agência Estadual de Notícias

Bando bem organizado usava até ?método aranha?

O esquema desenvolvido pelos líderes e integrantes das quadrilhas funcionava de maneira ordenada. Para a prática do assalto, um dos bandidos tinha a função de subir no caminhão, durante a parada do motorista em um posto de gasolina. O marginal ficava atrás da cabina, enquanto uma equipe de carro acompanhava toda a operação. ?Outra opção era o ?método aranha?, quando a abordagem era feita pela traseira da carreta em movimento, com o ladrão em cima do capô do carro dos criminosos, até alcançar o caminhão alvo?, informou o delegado Alexandre Bonzatto.

O motorista rendido era entregue para um marginal, encarregado de ficar com a vítima em um matagal, por cerca de 24 horas, até que o caminhão cruzasse a fronteira. ?Eles chamam esta função de ?mateiro? – o homem responsável por castigar fisicamente as vítimas usando amarras, vendas e pressão psicológica?, revelou o policial.

Antes do caminhão chegar ao Paraguai, em uma fronteira seca com o Mato Grosso do Sul, o condutor era trocado pelo denominado ?goleiro?, que então recebia a recompensa pelo roubo. (AEN)

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