Cavas da Região Metropolitana matam mais que o mar

Uma tragédia anunciada se repete todos os anos durante o verão: os afogamentos daqueles que se arriscam a nadar nas cavas. Em 2006, até a semana passada, o Corpo de Bombeiros registrou 13 mortes por afogamento nas cavas da Região Metropolitana de Curitiba, contra seis no litoral.

As cavas são formadas pela exploração de areia e argila em áreas de várzeas dos rios. Tornaram-se buracos enormes, com muita profundidade.

O excesso de confiança e o desconhecimento do perigo são os ingredientes mortais para quem se aventura em nadar nas cavas, segundo o tenente Leonardo Mendes dos Santos, relações-públicas do Corpo de Bombeiros. Às vezes, a pessoa acha que está no raso e, quando dá um passo para a frente, cai em um buraco. Os banhistas ainda correm o risco de ficar presos em cercas de arame farpado, árvores e até mesmo carcaças de automóveis (jogados após serem roubados), que ficam no fundo das cavas.

A chance de afogamento se agrava ainda mais se a pessoa estiver embriagada, pois fica suscetível a cãibras e congestão. Santos faz outro alerta: a insalubridade da água parada nas cavas. "Estes locais são impróprios para o banho porque podem ocasionar infecções gastrointestinais, dermatite e até mesmo leptospirose", avisa.

Dos 73 casos de afogamentos registrados no ano passado, 47 resultaram em mortes. No entanto, no litoral, foram seis mortes entre 1.015 salvamentos no mesmo período. "As pessoas devem procurar outras formas de lazer", orienta.

O Corpo de Bombeiros não disponibiliza guarda-vidas para estes locais porque não concorda com as atividades dos banhistas nas cavas. "É uma questão mais de consciência do que de colocar profissionais para fazer a assistência. Daria uma falsa sensação de segurança. Estaríamos sendo coniventes com a situação", esclarece Santos.

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