Briga em escritório de advocacia vai parar na polícia

Os laudos da tortura e extorsão sofridos pelo advogado Sérgio Costa já estão anexados ao inquérito policial, presidido pelo delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Furtos e Roubos. O inquérito já está quase concluído e nos próximos dias deverá ser encaminhado à Justiça. O crime aconteceu no dia 17 de janeiro no escritório Bertoldo & Costa, no Batel. Costa tinha como sócio Roberto Bertoldo, que é acusado das barbáries, junto com outras pessoas.

O promotor Domingos Fonseca, designado para acompanhar as investigações, informou que as declarações da vítima dizem que ela ficou em cárcere privado durante 14 horas, sendo espancada. Costa afirma que foi algemado e que os seguranças do escritório participaram da tortura. Enquanto Costa permaneceu no escritório foi obrigado a assinar diversos documentos e foram transferidos R$ 900 mil de sua conta bancária. Na sessão de tortura, Costa teve dois dentes quebrados. "Além da crueldade usada contra meu cliente, ainda foram feitas alterações contratuais, transferências de sua conta bancária. Tudo está evidenciado no laudo", argumentou o defensor de Costa, Rolf Koerner Júnior.

Em seu depoimento, Sérgio costa disse que ouviu a voz do presidente da subseção de Curitiba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Michel Saliba, no escritório. Saliba confirmou que esteve no escritório. Segundo informações, ele teria ouvido os gritos de Costa e mesmo sendo membro da OAB, nada teria feito. "Uma testemunha disse que viu o Michel Saliba no prédio naquele dia", salientou o promotor Domingos Fonseca. "Ainda estamos apurando. O inquérito ainda não terminou."

De acordo com informações, Bertoldo tinha alguns negócios em comum com Saliba, inclusive já havia passado vários subestabelecimentos (procurações) para Saliba, nas quais ele era o procurador. Até mesmo um dos clientes mais famosos de Bertoldo, Tony Garcia, estaria sendo atendido por Saliba.

Após as 14 horas de tortura, o advogado Roberto Bertoldo levou o sócio Sérgio Costa até o hospital e o internou, informando que Costa havia sido vítima de roubo.

Laudo

O promotor disse que o laudo pericial está ilustrado com fotos e há detalhes minuciosos, como marcas de que a vítima foi realmente algemada e foram colocadas cordas em seu pescoço. "As lesões que aparecem no laudo tendem a confirmar o que a vítima alega: que foi submetida a uma sessão de tortura durante 14 horas", salientou o promotor. Ele informou que se as denúncias se confirmarem o advogado Roberto Bertoldo e os outros envolvidos serão indiciados. "Em tese há várias infrações penais neste caso. Entre elas, tortura, extorsão e cárcere privado. O enquadramento depende da autoridade que preside o inquérito". Até ontem, Bertoldo ainda não havia dado a sua versão à polícia. O delegado Rubens Recalcatti disse que prefere não se pronunciar sobre o caso.

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