Bandidos não tiram férias

Enquanto para a maior parte da população esta época é de festas, férias e viagens, para uma minoria marginal o fim do ano e a temporada de verão são sinônimo de mais trabalho. Os criminosos não tiram férias neste período – pelo contrário, “trabalham” ainda mais para subtrair dinheiro e pertences de quem suou a camisa honestamente o ano inteiro e agora pensa em relaxar. “Esse é o momento de redobrar a atenção com a segurança”, recomenda o delegado Gil Rocha Tesserolli, adjunto da Furtos e Roubos. Ele diz que os registros de arrombamentos e furtos em Curitiba já estão aumentando nos últimos dias.

Há ainda as quadrilhas que, acompanhando o movimento das famílias, se mudam temporariamente para o litoral atrás de oportunidades para furtos, assaltos e outros delitos. Por conta disso, a Operação Verão da Polícia Militar, por exemplo, deslocou neste final de ano um efetivo de 1.600 homens para as praias paranaenses.

Alerta

A recomendação por parte da polícia – tanto da Civil quanto da Militar – é não facilitar o trabalho dos marginais. “As pessoas devem utilizar todos os equipamentos de segurança possíveis para proteger o patrimônio”, afirma o delegado Tesserolli. O mesmo alerta parte do tenente Capelli, da Comunicação Social da Polícia Militar. “As famílias entram em ritmo de festas e férias e acabam esquecendo da segurança. Mas não dá para se distrair nesse ponto: tudo que estiver disponível para espantar os ladrões deve ser usado”, avisa.

Entenda-se por equipamento de segurança desde os itens mais simples e baratos como fechaduras, cadeados, cães de guarda e manter um vizinho cuidando da casa quando sair de viagem, até os mais caros e sofisticados: grades, muros altos, alarmes, cercas elétricas, sistemas eletrônicos de segurança, guardiões e segurança monitorada por empresas especializadas.

Fragilidade

“É bom lembrar que os bandidos escolhem as residências que se apresentam mais frágeis, independente do lugar em que atacam. Não estamos falando somente de casas em bairros nobres, de famílias abastadas. Em regiões mais carentes as residências mais simples também são visadas. Ninguém está livre de arrombamentos”, lembra o tenente Capelli. “Hoje em dia todo mundo tem um aparelho de TV ou som em casa. Para o bandido, o que ele puder pegar é lucro”, exemplifica.

Mesmo quem não vai viajar deve ter mais atenção com a segurança. “Muita gente sai para ir às festas e deixa a residência sozinha, fechada, por muitas horas. Somado a isso, a cidade mais vazia e as ruas desertas facilitam a ação dos bandidos”, lembra o delegado Tesserolli.

Cuidad

os

Outra distração comum nesta época do ano, tanto para quem fica em Curitiba quanto para quem vai para o litoral, é esquecer dos cuidados básicos, como manter trancadas as portas e portões. “Em período de festas é comum receber mais visitas e esquecer os portões destrancados. No litoral, muita gente sai para ir à praia e deixa a casa aberta, achando que não há perigo”, alerta o tenente Capelli.

Recomendações de segurança

– Utilizar todos os equipamentos de segurança possíveis e disponíveis para proteger a residência de arrombamentos e afastar os bandidos. Segundo a Polícia Militar, 90% dos casos de invasões e furtos acontecem em locais onde não havia nenhum cuidado de segurança;

– Não esquecer dos cuidados mais simples, como manter portas, portões e janelas fechados e trancados;

– Atenção redobrada ao sair ou chegar em casa, principalmente à noite e de madrugada, com as ruas mais vazias;

– Ao sair para viajar, verificar minuciosamente todos os itens de segurança da casa e também do veículo;

– Não usar o velho truque de manter uma luz acesa enquanto está viajando – os bandidos vêem isso como um sinal claro de que não há gente em casa;

– Pedir a um vizinho ou a uma pessoa de extrema confiança que abra a casa durante o dia, recolha a correspondência e os jornais, alimente o cão de guarda, acenda as luzes somente à noite – enfim, dar a impressão de movimentação no local, e não deixar aparentar que a residência está fechada e desabitada;

– Deixar todos os telefones possíveis para contato rápido. Além disso, telefonar regularmente para a pessoa que está cuidando da casa para saber se está tudo bem;

– Em caso de suspeita de invasão ou arrombamento, a pessoa que está cuidando da casa não deve entrar: a primeira providência é chamar imediatamente a Polícia Militar pelo telefone 190.

Chácaras também são visadas

Chácaras e sítios na Região Metropolitana de Curitiba têm sido alvos constantes de arrombamentos e assaltos à mão armada. Um episódio trágico, e recente, foi o assalto à chácara do empresário Claudionor Lemos Amorim, em Borda do Campo, São José dos Pinhais. Claudionor, dono da rede de restaurantes Divino Mestre, foi morto por assaltantes na madrugada de 24 de novembro do ano passado. O empresário, que tinha 43 anos, ouviu os cachorros latindo e saiu da casa para ver o que se passava. Acabou levando um tiro à queima-roupa, disparado por um dos assaltantes. Dentro da casa estavam a esposa, uma filha e a empregada, que nada sofreram. Um ex-funcionário da chácara teve participação no roubo.

Uma recomendação importante na hora de contratar caseiros, empregados e prestadores de serviço em geral, como jardineiros, diaristas e guardiões autônomos: seja em chácaras, casas ou apartamentos, deve-se verificar todas as recomendações do contratado, checar referências, empregos anteriores e levantar todo tipo de informação possível. Afinal, trata-se de uma pessoa que vai conviver com a família, conhecer os hábitos, horários, a arquitetura do local e os pertences de valor. (BM)

Cuidados no litoral

Quase todos os proprietários de imóvel na praia têm uma história triste para contar sobre furtos e arrombamentos. Os antigos métodos de cuidar da propriedade no litoral – trancar tudo e pedir que um morador do local dê uma olhada de vez em quando – já não funcionam mais. Assim, é cada vez mais comum, entre famílias abastadas, equipar as casas do litoral com centrais de alarme ou erguer muros altos com grades, tirando das residências de veraneio aquele ar de tranqüilidade e relax que combina com a praia.

Já entre as famílias de menor poder aquisitivo, o método para desestimular os bandidos – ou, na pior das hipóteses, ter menos prejuízo em caso de arrombamento – têm sido mobiliar o imóvel com peças velhas. Durante o ano, enquanto a casa fica fechada, tira-se tudo que tenha valor. A cada temporada de verão, a família é obrigada a carregar todos os objetos necessários para o conforto de volta para a casa na cidade de origem.

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