Bandidos do São Braz e Vila Torres compram no Paraguai

As armas que fortalecem as gangues que matam em Curitiba vêm do Paraguai. A prova está à vista de qualquer pessoa que tenha acesso ao site de relacionamento Orkut.

Em uma das fotos colocadas no perfil de um integrante da Comando de Extermínio (CDE), que age no São Braz, dois rapazes posam ao lado de um vendedor, que empunha uma escopeta, provavelmente calibre 12. O meio de transporte usado para ir ao país vizinho e a forma como o armamento entra no Paraná não estão especificados.

Já nas mãos dos bandidos, na capital, essas armas se transformam em objeto de negociação entre gangues do São Braz e da Vila Torres. A prova, novamente está na internet.

Em mensagens deixadas no Orkut um membro da VDS afirma que já negociou um “brinquedo”, com um dos chefes da Turma de Cima, conhecida gangue da Vila Torres. Na resposta, o membro do outro grupo lamenta a morte de um de seus companheiros pela polícia e a apreensão de uma metralhadora e uma arma calibre 12.

Na mesma conversa, o suposto integrante da gangue da Vila Torres comenta a prisão de Danilo França de Oliveira, 19 anos, o “Danilinho”, na semana passada. Ele pergunta se o rapaz, que negou todas as suspeitas da polícia sobre sua responsabilidade em homicídios, é “terrorista dos bão”. Todas essas conversas estão sob monitoramento da polícia.

Ruas

Enquanto no mundo virtual continuam as conversas sobre violência, na vida real os moradores experimentam um pouco de paz. Durante o fim de semana a polícia não registrou ocorrências de violência na região do São Braz.

Pessoas da vila disseram que a polícia tem estado mais presente, tanto em blitz quanto em patrulhamento. “A gente vê mais viaturas circulando na região e isso inibe a ação dos grupos. Por mais que a ação não prenda ninguém, já evita que eles se matem”, contou um morador.

Em estudo “ocupação” com delegacia móvel

Giselle Ulbrich

Briga de gangues, toques de recolher, tiros e confrontos, mortes e um protesto violento. Os últimos acontecimentos na Vila Torres, que encheram os moradores e comerciantes locais de medo e pavor, levaram as autoridades a repensar as ações que já existiram um dia na região, mas acabaram desativadas e esquecidas.

O governo anunciou ontem que irá estabelecer uma operação definitiva na área. Uma delegacia, inicialmente móvel, será instalada. De acordo com a assessoria da Segurança Pública, a cúpula da Polícia Civil ainda estuda como ela será. Já o 12.º Batalhão da Polícia Militar, responsável pelas ocorrências na região, terá o reforço do Regimento de Polícia Montada.

Módulo

O módulo da PM que existia no local foi depredado e alvo de tiros há alguns anos e foi desativado. No final de fevereiro de 2005, cerca de 700 policiais civis e militares tomaram as ruas da vila e em cada esquina havia policiamento. Eles foram retirados de outras regiões e permaneceram por três dias na vila.