Avô descobre que enterrou a pessoa errada

Quando soube que um rapaz, com as características de seu neto, havia sido encontrado morto na Estrada do Tietê, em Araucária, João Brito Alves, morador no Tatuquara, em Curitiba, ficou muito chateado. Ele chorou, juntou forças e também as economias para fazer o enterro do rapaz, que era órfão de pai e mãe e morava com ele há algum tempo. No dia seguinte, identificou o corpo no Instituto Médico-Legal (IML) e com a guia de necropsia, emitida pela Delegacia de Homicídios (DH), liberou o corpo e enterrou na cova mais barata do Cemitério do Boqueirão. ?Juntei uns trocados, avisei algumas pessoas e fomos direto do IML para o cemitério?, contou Brito.

Quando chegou em casa recebeu a notícia de que o neto, um adolescente de 16 anos, estava vivo e que ele havia enterrado o defunto errado. ?Eu o reconheci no IML, tinha certeza que era meu neto, pois o corpo tinha as mesmas tatuagens e uma cicatriz no braço de quando tomou um tiro?, contou Brito.

A boa notícia para os familiares não foi tão bem recebida na polícia. Como o corpo foi encontrado em Araucária, a guia de necropsia deveria ser emitida pela delegacia local e não pela Homicídios.

Segundo o escrivão Mendes, da DH, o delegado Artem Dach autorizou a emissão da guia para ajudar a família. ?Como o avô já havia identificado o corpo, resolvemos adiantar os trâmites da liberação para evitar o desgaste da família?, contou Mendes. Segundo ele, Brito será ouvido e terá que se explicar pela informação incorreta prestada na delegacia.

A escrivã Regina, da delegacia de Araucária, disse não saber qual atitude tomar. ?O corpo que está enterrado, continua sem identificação e será investigado por Araucária. De alguma forma, o atestado de óbito terá que ser cancelado?, explicou.

O crime

O corpo foi encontrado por um motorista de ônibus, na manhã do dia 3, jogado num matagal na Estrada do Tietê, ao lado do Rio Faxinal. A perita Maria do Rocio, do Instituto de Criminalística, disse que o rapaz foi morto com dois tiros na cabeça, provavelmente na madrugada. Sem nenhum documento de identificação, o corpo foi recolhido ao IML. ?O corpo não será exumado; agora, a única identificação da vítima são as digitais, arquivadas no IML?, completou Mendes.

Família do morto-vivo

O adolescente estava desaparecido há alguns dias e segundo o seu avô, já esperava pela morte do neto há algum tempo. ?Ainda não foi dessa vez, mas já avisei ele sobre os risco de se envolver com drogas? disse. 

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