Insegurança

Assalto todo dia! Moradores do Santa Cândida não aguentam mais tanto descaso

Dois dias depois de a Tribuna mostrar o problema enfrentado por quem frequenta ou mora no Bairro Alto, um bairro vizinho, o Santa Cândida, também se tornou notícia pelo mesmo motivo: os constantes assaltos que vem sofrendo a região. Sem saber o que fazer, os moradores e comerciantes já pensam até em apelar para a Polícia Federal, que fica no mesmo bairro, que não é responsável pela segurança pública na cidade.

Ontem, pelo menos quatro assaltos aconteceram nas regiões próximas ao terminal do bairro Santa Cândida e três foram dentro de ônibus do transporte público, no começo da manhã, em cerca de meia hora. A ação dos bandidos seguiu o padrão já conhecido pelos comerciantes e moradores: logo nas primeiras horas do dia.

“Nós já não sabemos mais o que fazer, por isso resolvemos espalhar faixas pelas ruas da cidade, pois assim chamamos a atenção e fazemos alguém, em algum momento, nos ajudar”, explicou Marcos Rodrigues, morador do bairro há 38 anos.

De acordo com ele, a rotina de assaltos começou a ficar mais intensa de dois anos pra cá. Andando pelas principais ruas do bairro, não tem uma pessoa que, pelo menos, não conheça alguém que já foi roubado.

Ninguém escapa

Os bandidos costumam fazer a limpa em farmácias, panificadoras, mercados, carrinhos de cachorro-quente, restaurantes, pedestres e os estudantes do Colégio Estadual Santa Cândida. Os moradores afirmam que acontecem cerca de 10 ou mais roubos por dia no bairro. “Inclusive, no momento dessa entrevista, soube de mais um assalto a uma farmácia, que acabou de acontecer”, disse Marcos. Um dos mercados do bairro já foi roubado mais de 20 vezes. “Neste mercado o dono resolveu já nem registrar mais, porque não adianta”, lamentou o morador.

Em uma farmácia que fica na Rua Padre João Wislinski, uma das funcionárias contou que chegou a sair do trabalho quando sofreu o primeiro assalto. Ela voltou depois de um tempo e disse que, desde então, já foram pelo menos cinco roubos no local. Segundo ela, os números ainda são baixos se comprados com o da outra farmácia, que fica mais perto do Colégio Estadual Santa Cândida.

“Temos dó dos alunos do colégio também. Já perdemos as contas de quantos deles foram roubados. A região está cada vez pior e já não sabemos mesmo o que fazer”, disse um dos moradores, que pediu para não ser identificado.

Polícia se posiciona

Segundo quem vive na região, a Polícia Militar não tem viaturas suficientes. “Nos disseram que das sete viaturas disponibilizadas, apenas uma está funcionando e as outras estão em manutenção. Aí não temos nem como cobrar dos policiais. Eles estão fazendo o trabalho deles, mas sem condição fica difícil”, disse uma moradora e comerciante.

Em nota, a Polícia Militar informou que o policiamento no bairro é feito pelo 20º BPM. As ações são desempenhadas pelas Radiopatrulhas da unidade e também pelas Rotams, além do Serviço Reservado. Além disso, desde a semana passada, quando foram colocadas faixas na região, o policiamento já foi intensificado e assim vai continuar. No entanto, ônibus e terminais também são de responsabilidade da Guarda municipal.

Segundo a PM, o efetivo não é divulgado por questões de segurança, no entanto, a população é atendida, sempre que aciona a PM com os meios existentes: motos, viaturas e módulos móveis.

Faixas devem ser espalhadas também na sede da PF. Foto: Aliocha Maurício.