Assalto cinematográfico em estância hidromineral

Num crime muito bem planejado, lembrando os grandes roubos de cinema, cerca de quinze bandidos fortemente armados e usando pelo menos oito veículos assaltaram a Estância Hidromineral Ouro Fino, em Campo Largo, na madrugada de ontem.

Os marginais renderam vigilantes, tomaram suas armas e passaram cerca de quatro horas lá dentro, arrombando os cofres da empresa e um caixa eletrônico do Banco Real, na fábrica. A Ouro Fino não divulgou quanto os bandidos levaram, mas a polícia supõe que a quantia era bastante alta, por ser época do pagamento de funcionários.

De acordo com descrições dos vigias à Polícia Militar de Campo Largo, os marginais chegaram ao local no início da madrugada. Apesar de haver uma guarita com um vigilante logo na entrada, os assaltantes não tiveram muita dificuldade para invadir a área.

O terreno é rodeado apenas por cerca de arame farpado, permitindo fácil acesso de qualquer pessoa pelas laterais. O único local onde havia câmera de segurança era a guarita, mas os marginais levaram embora a fita com as gravações do equipamento.

Rendidos

Depois de render o vigilante da portaria e mantê-lo como refém, o próximo passo foi render os outros cerca de cinco seguranças, que fazem a ronda ao redor do terreno durante a noite. Todos tiveram suas armas tomadas pelos bandidos.

Os marginais mostraram que conheciam bem o local. Seguiram direto ao complexo administrativo da fábrica, onde havia dois cofres. Possivelmente usando maçaricos e outras ferramentas, eles cortaram buracos de cerca de 15 ou 20 centímetros de diâmetro nas paredes dos cofres. O espaço foi suficiente para que alcançassem com as mãos os valores que lá haviam. O mesmo foi feito com o cofre do caixa eletrônico.

Fuga

Depois de permanecerem quase quatro horas na estância, os marginais fugiram nos cerca de oito veículos que utilizaram no crime. Alguns deles, a polícia conseguiu identificar: o Gol vermelho placa AGR-1315 (com endereço de registro em Colombo), um Gol prata, um Palio vermelho e um Clio branco. Entre os outros veículos, não identificados, acredita-se que havia algum utilitário, com espaço suficiente para carregar os maçaricos e ferramentas usados para cortar os cofres.

Assim que os bandidos deixaram o local, os vigilantes acionaram a polícia. O sargento Ukachenski e o soldado Gonçalves foram os primeiros policiais a chegar na Ouro Fino e, tão logo identificaram alguns dos veículos, passaram o alerta pelo rádio.

Algumas barreiras foram montadas na BR-277 e Contorno Sul, mobilizando, além do 17.º Batalhão, equipes da polícia rodoviária, 12.º e 13.º Batalhões. Um dos veículos chegou a ser seguido por uma das equipes, mas foi mais rápido que a polícia e sumiu.

Durante a manhã, a Polícia Militar recebeu alguns telefonemas, dando conta de pessoas armadas saindo de veículos na região da Rondinha, em Campo Largo, e na CIC.

Seriam veículos com pneus furados – provavelmente dos assaltantes em fuga -, mas logo os homens armados trocaram pelos estepes e fugiram antes que a polícia chegasse aos locais indicados.

Rota

Para a polícia de Campo Largo, que tinha bem menos armas, viaturas e homens que a quadrilha, foi quase impossível correr atrás dos bandidos. Além do bando estar bem armado – há relatos que tinham até fuzis e metralhadoras com mira laser – o rumo que os bandidos tomaram facilitou muito a fuga.

Eles seguiram por dentro do bairro Ferraria e tiveram acesso ao Contorno Norte/Sul, rodovia que dá acesso a uma grande malha viária e segue para todos os cantos de Curitiba.

PM faz desabafo sobre estrutura

Para a polícia de Campo Largo foi difícil correr atrás dos bandidos, que estavam armados com fuzis e metralhadoras com mira a laser. “Como que três viaturas (uma do centro de Campo Largo, outra da Ferraria e mais uma de Balsa Nova), com dois policiais cada, iam conseguir correr atrás de quinze bandidos em oito ve&i,acute;culos? Isso que, se havia 15 homens lá dentro (da Ouro Fino), certamente havia outros 15 dando cobertura. A primeira viatura que chegou ao local tinha um policial com uma pistola e outro com um revólver calibre 38 de seis tiros. Mesmo que viesse apoio da Rone e de viaturas de regiões próximas, o confronto ia ser feio. Com certeza ia ter policial ferido ou morto”, desabafou um policial.