Alcoolismo preocupa Patrulha Escolar

O consumo de bebidas alcoólicas por crianças e adolescentes dentro e próximo de estabelecimentos escolares é um dos principais problemas enfrentados pelos policiais militares que integram a Patrulha Escolar. Com o reinício das aulas na última segunda-feira, as equipes retomam o trabalho não só de percorrer as 186 escolas estaduais de Curitiba para promover a segurança, mas também de desenvolver palestras e cursos para alunos e professores, visando a prevenção do alcoolismo e consumo de drogas. “O problema é sério e atinge também as escolas particulares”, informou ontem o capitão César Alberto Souza, oficial de planejamento da Polícia Militar.

No ano passado a Patrulha Escolar atendeu em Curitiba 2.552 ocorrências de naturezas diversas, porém muitas delas ligadas ou provocadas pelo consumo de álcool por estudantes. Este ano já foram registradas 1.232 atendimentos, que vão desde embriaguez, uso de drogas, perturbação de sossego, conduta inconveniente e outros. No primeiro semestre, o Cajuru foi o bairro que mais apresentou problemas, com 108 ocorrências registradas, seguido do Centro, com 84; Pinheirinho, 57; Boqueirão, 54; Portão, 48; Xaxim, 45.

Apesar do trabalho de repressão que é feito junto aos estabelecimentos comerciais existentes próximo dos colégios, os estudantes conseguem comprar as chamadas drogas lícitas – cigarros e bebidas alcoólicas – sem o menor problema, principalmente nas lojas de conveniência existentes nos postos de gasolina. “Quando eles não matam as aulas para ficar no pátio dos postos, adquirem a bebida, camuflam em garrafas de refrigerantes e vão para dentro dos colégios”, revela o capitão César.

Trabalho

Durante as férias escolares todos os policiais militares integrantes da Patrulha Escolar e do Programa de Resistência às Drogas e Violência fizeram cursos de reciclagem em Faxinal do Céu (interior do Estado), para retomar neste semestre o trabalho de orientação e palestras. Os alunos recebem ensinamentos de como dizer “não” às drogas e bebidas, enquanto os professores e pais são orientados sobre o modo de detectar o problema quando ele já está instalado e encaminhá-lo para soluções.

“É muito importante que os pais acompanhem o desempenho escolar de seus filhos, as notas, a freqüência, para evitar problemas futuros”, alerta o oficial. “Nós e os professores e diretores de escolas queremos que o estabelecimento de ensino seja um foco de difusão de boas ações”, salientou ele, lembrando que hoje em dia é possível encontrar crianças de 11 ou 12 anos alcoolizadas ou cheirando cola nas ruas, sem que os pais tenham conhecimento disso.

Interior

O trabalho da Patrulha Escolar está sendo disseminado por todo o Estado e em muitas cidades está surtido efeito dos mais positivos. Em Ponta Grossa, por exemplo, a 1.ª Companhia da PM percorre mais de cem escolas do município e já detectou, no primeiro semestre deste ano, uma redução de 29% de ocorrências em comparação ao primeiro semestre do ano passado. Nesse município, também o consumo de bebidas alcoólicas é problema entre os estudantes, conforme salientou o sargento Maurício Kinczel. Além disso, casas de jogos com máquinas de videogame instaladas no anel central da cidade também estão tirando os estudantes da sala de aula.

Com relação ao álcool, Kinczel diz que o problema é de difícil detecção, já que os menores compram as bebidas baratas em bares e misturam com refrigerantes, levando-as para tomar escondido no colégio. Muitas vezes, de acordo com o policial, eles fazem isso em casa e os funcionários da escola ou a polícia não conseguem descobrir. A solução, segundo ele, é o acompanhamento feito pelos próprios pais. “Somente acompanhando os filhos no dia a dia é que os pais terão controle da situação e poderão cooperar com a direção dos colégios e com a PM na prevenção da criminalidade e dos vícios”, ressaltou.

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