Acusado de matar major estaria preso no dia do homicídio

Quem matou o major Pedro Plocharski? A pergunta é do advogado Lúcio de Mattos Júnior (coronel reformado do Corpo de Bombeiros), 49 anos, que defende o ex-tenente Alberto da Silva Santos, apontado pelas investigações policiais como sendo o autor da morte do oficial da PM, em janeiro deste ano. O advogado também é acusado no mesmo inquérito por envolvimento na morte, junto com outras 20 pessoas.

Munido de vasta documentação, o advogado garante que os papéis comprovam que o ex-tenente estava recolhido na Colônia Penal Agrícola (CPA), em Piraquara, às 19h do dia 28 de janeiro deste ano e, portanto, não teria participação na morte de Plocharski. Mattos Júnior alega que estão querendo incriminar o seu cliente, por um crime que ele não praticou. "Se ele é o autor, então os chefes e agentes que trabalharam na Colônia Penal naquele dia, assim como os presos que ele dividia a cela, são co-autores", ironiza o coronel. "As provas juntadas no processo são incontestáveis", argumenta o defensor, colocando em dúvida a autoria do crime, que desencadeou a maior operação do ano realizada pelas policias Civil, Militar e Federal.

Depoimentos

Outro ponto questionado pelo defensor é que a primeira testemunha ouvida na Delegacia de Homicídios, no mesmo dia do crime, informou que o veículo utilizado pelos criminosos era um Gol verde, duas portas.

A testemunha estava no ponto de ônibus, na Rua João Chede, quando viu o fusca bege do major. "De repente, saiu debaixo do viaduto um Gol verde escuro, ocupado por três pessoas, usando roupas escuras e capuz", empunhando armas de grande porte. O veículo fechou o Fusca e o homem, que estava no banco do passageiro começou a atirar. Em seguida, os marginais deixaram o local em alta velocidade, em direção à Ceasa. "A testemunha foi submetida à hipnose e repetiu tudo", salientou Lúcio.

Outra testemunha do crime disse que, por volta das 19h, estava retornando da casa da namorada, pela Rua Nossa Senhora do Sagrado Coração, quando os ocupantes de um Golf verde, com armas em punho, mandaram ele sair da frente. Segundo o rapaz, quem atirou estava no banco de trás do veículo. O homem chegou a descrever os ocupantes do Golf e reconhecê-los depois. "No mínimo é estranho. A primeira testemunha diz que foi um carro e a segunda outro. Uma disse que os autores estavam encapuzados e outro fez o retrato falado. Afinal quem está falando a verdade?", questiona o coronel.

Delegado contesta advogado

O delegado Luís Alberto Cartaxo de Moura, que coordenou a Operação Tentáculos, que resultou na prisão de mais de 30 pessoas, contestou as dúvidas do advogado Lúcio de Mattos Júnior. "É notório que na época do crime não havia um controle confiável na Colônia Penal Agrícola (CPA), em Piraquara", salientou Cartaxo. Ele disse que as alegações do advogado, são teses da defesa.

Cartaxo comentou que após a conclusão de que o autor do crime era detento da CPA, foi instaurado um procedimento administrativo para apurar se houve falha na segurança, que foi presidido pelo delegado Marco Antônio de Góes, na época lotado no Centro de Operações Policiais Especiais. Góes confirmou que apurou os fatos. "O procedimento era para apurar se algum agente colaborou para a saída do detento da CPA e não se ele saiu. Não identificamos nenhum funcionário que tenha sido conivente", explicou Góes.

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