Acusada de racismo vai parar na cadeia

Uma estudante de 19 anos – cuja identidade não foi revelada pela polícia – foi presa em flagrante em Londrina, na tarde de segunda-feira, sob acusação de racismo. A jovem ficou detida até o meio-dia de ontem numa cela individual do 3.º Distrito da cidade. De acordo com a polícia, o isolamento foi necessário para evitar que ela sofresse agressões das demais presas, que ameaçavam linchá-la, já que a maioria das prisioneiras é de cor negra.

Maria Cristina da Silva, a vítima da discriminação, acusou a estudante de tê-la chamado várias vezes de "negra da favela" durante uma discussão ocorrida no interior de um ônibus urbano da linha Jardim Ideal, na zona leste de Londrina. A discussão foi presenciada pelos demais ocupantes do coletivo, que confirmaram a acusação, feita assim que Maria Cristina desembarcou no terminal central. A estudante foi levada do terminal diretamente para o distrito policial.

Injúria

O juiz da 1.ª Vara Criminal, João Luiz Clève Machado, ordenou a liberdade provisória da estudante, que será processada por "injúria discriminatória". Ela chorou muito ao ser libertada, afirmando que tudo não passava de um mal-entendido. A presidente do Conselho da Comunidade Negra, Vilma Santos de Oliveira, contabiliza 60 denúncias de racismo em Londrina este ano.

"Foi muito importante a moça ter feito a denúncia e ainda mais a polícia ter feito a prisão em flagrante", comemorou Oliveira. A presidente explica que a entidade luta para implantar em Londrina o SOS Racismo, programa que cria uma linha telefônica para denúncias diretamente ao Seju, criado pela lei estadual 14.938/05, mas que ainda não saiu do papel.

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