Acareação de golpistas marcada por contradições

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Nurce realizou acareação entre as partes.

O Nurce (Núcleo de Repressão a Crimes Econômicos) realizou ontem acareação entre os proprietários e o contador da Fórmula Um Empreendimentos Imobiliários. Os donos e funcionários da empresa são acusados de aplicar o golpe do consórcio de carros, casas e terrenos populares em pelo menos 400 pessoas, só no Paraná. De acordo com as investigações do Nurce, os golpistas já teriam faturado pelo menos R$ 1,5 milhão, recebendo dinheiro dos clientes sem entregar o produto prometido.

Os irmãos Luiz e Albino Franchesquetto apresentaram-se à polícia e prestaram depoimento nestas duas últimas semanas. Por causa de informações controversas, eles foram intimados a participar da acareação. O contador da empresa, Maurício Paulino do Nascimento, também participou, apesar de não estar diretamente envolvido nas acusações.

Albino Franceschetto estava desaparecido desde a descoberta do golpe da empresa, em setembro de 2004. Ele se apresentou no dia 27 de janeiro ao Nurce, foi preso temporariamente e liberado. Durante seu primeiro depoimento, alegou gerenciar a filial de Belo Horizonte (MG) e não saber sobre as irregularidades que seu irmão promovia na empresa. Na acareação, manteve sua versão, mas o delegado acredita que Albino seja cúmplice do irmão.

Luiz Franceschetto também estava foragido e se apresentou na última quinta-feira (10) no Nurce. Ele ficou preso até segunda-feira (14), cumprindo o prazo da prisão temporária. Em seu primeiro depoimento, disse que teria sido procurado por uma empresária chamada Laura Soares Biasetto para gerenciar, junto com seu irmão, a empresa Fórmula Um, cuja razão social é LPR Habitacional Casa Própria Ltda. Laura e um outro rapaz chamado Leandro Alves Figueiredo constam nos documentos da empresa como os reais proprietários, mas o delegado Douglas Vieira, do Nurce, acredita que eles foram utilizados como "laranjas" dos irmãos Francesquetto. "Os documentos dos dois contêm informações controversas, como fotos trocadas e sobrenomes diferentes, evidentemente falsificados pelos irmãos. Talvez Laura e Leandro nem saibam que seus nomes constam como proprietários da empresa e nem conheçam os irmãos. É importante que venham até o Nurce para nos ajudar a esclarecer os fatos", diz Vieira.

Outra versão

Na acareação, Luiz confirmou seu antigo depoimento, porém o contador desmentiu sua versão. Segundo o delegado, Nascimento contou que quem entregou os documentos para fundar a empresa foi Luiz. Ele tinha uma procuração (falsa) para criar a Fórmula Um em nome dos "laranjas" Leandro e Laura. "Pelo que percebemos, o contador não teve envolvimento com o caso, mas pudemos constatar que Luiz foi o mentor intelectual de toda a trama. Foi ele quem fundou a empresa e entregou todos os papéis para o contador para isso", revela o delegado.

As nove pessoas envolvidas já foram ouvidas, mas na próxima semana será promovida outra acareação com os funcionários. Os envolvidos são acusados de sonegação fiscal, corrupção ativa e passiva, concussão, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

Dinheiro

O delegado titular do Nurce, Sérgio Sirino, conta que, nos últimos dois meses, os irmãos montaram uma companhia "offshore" (empresa com baixa carga fiscal e facilidade de operar o dinheiro em diversos países do mundo, sem comprovação de origem) no Uruguai, para facilitar a saída do dinheiro arrecadado para paraísos fiscais. "Estamos investigando também o que aconteceu com o dinheiro desviado. Descobrimos a empresa deles montada no país vizinho e já acionamos as autoridades de lá para nos ajudarem a investigar o caso", conta Sirino. Para Sirino, é importante que as pessoas lesadas no golpe procurem o Procon e a Delegacia do Consumidor para registrar queixa e levem consigo o contrato com a Fórmula Um.

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