Ação de ladrões aterroriza Shangri-lá

Proprietários de casas do balneário Shangri-lá, em Pontal do Paraná, litoral do Estado, estão assustados com a freqüência de arrombamentos e furtos. Somente na semana passada, três casas foram arrombadas, mas relatos dos moradores à reportagem de O Estado dão conta de que pelo menos 20 residências já foram invadidas nos últimos meses. Eles afirmam que sabem quem pratica os crimes, que já cansaram de ver a polícia ?prender e soltar? e exigem que seja feita justiça.

Na semana passada, Ivanir Kintop teve um prejuízo de mais de R$ 600,00. Segundo ela, o bandido arrebentou a porta da casa e roubou uma TV e um rádio com CD. ?A polícia sabe quem rouba, mas prende e logo solta. No ano passado, esse mesmo ladrão ficou preso dez meses e depois foi solto. Assim todo mundo fica desanimado em chamar a polícia?, disse a moradora, cuja casa se localiza na Rua Pelotas. Ela reclamou ainda que fora de temporada ?não se vê a polícia fazendo ronda nas praias?.

Marli Polak, que também tem casa na Rua Pelotas, já teve sua casa invadida várias vezes. Neste caso o bandido foi mais ousado e chegou a entrar na residência quando os proprietários se encontravam no local. Há casos que o ladrão chega a esconder objetos no mato para voltar pegar depois, pois não consegue carregar tudo. Elizeu Tavares Alves, que mora na Rua Perimetral, disse que nunca viu tanta criminalidade no balneário onde nasceu e mora até hoje. ?Quase todos os dias a gente fica sabendo de uma casa que foi arrombada, e as autoridades parece que não tomam conhecimento. A gente chega a ver o ladrão saindo com os objetos furtados, mas a polícia vem e diz que só pode prender em flagrante. E mesmo quando prende, solta alguns dias depois. Estamos revoltados, pois sabemos que amanhã ou depois poderemos ter nossa casa roubada?, reclamou.

Luiz Armando Figueiredo, que tem casa no mesmo balneário, está indignado. Ele relatou que, ao saber da quantidade de casas roubadas teve que colocar alarme e fazer seguro contra incêndio, uma vez que já houve casos de casas incendiadas no mesmo balneário. ?A polícia sabe quem comete esses atos, o cara é preso, mas passa uma semana e ele já é solto. Não é possível continuarmos como reféns desses bandidos. Será que vai ser necessário ocorrer algum crime de morte para que sejam tomadas as providências necessárias??, indignou-se. Ele também reclamou da falta de policiamento na baixa temporada. ?Termina a Operação Verão e o pessoal passa a roubar e fazer vandalismo. Queremos que os culpados sejam punidos?, afirmou.

Comandante admite que há pouco policiamento

O comandante do Pelotão da Polícia Militar (PM) de Pontal do Paraná, tenente Rogério Rodrigues, informou que o crime mais preocupante no litoral nesta época do ano é o furto a residências. Ele admite que há poucos policiais na praia na baixa temporada, mas lembrou que a partir do feriado de 7 de setembro a PM recebe reforço em virtude do acréscimo de veranistas. Para ele, embora seja difícil cuidar de tantas residências (que na maior parte ficam fechadas), o cidadão deve ajudar com as denúncias, o que facilita o trabalho da polícia.

?Pedimos que as pessoas façam a denúncia nos telefones 190 ou no 181, pois isso ajuda muito a direcionarmos o patrulhamento. O município de Pontal tem uma característica agravante, pois dos 25 mil imóveis, apenas cinco mil ficam ocupados permanentemente. Os outros fechados facilitam a ação dos meliantes?, analisou. O tenente lembrou ainda que o fenômeno da migração de bandidos é muito freqüente. ?Quando reforçamos o policiamento num local o meliante acaba indo para outro. Por isso, a importância dos relatos da população?, afirmou. Há três viaturas para atuar em toda Pontal do Paraná. ?Muitas vezes nós identificamos o bandido, mas sem provas não podemos prender?, explica.

O delegado Otacílio Bovolin, que acabou de assumir a delegacia de Pontal do Paraná, disse que a Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) vem incrementando o trabalho da inteligência policial, embora haja dificuldades com o pequeno número de policiais trabalhando nas delegacias. A delegacia de Pontal conta com cinco investigadores. ?A população deve ter paciência, pois com o trabalho de inteligência logo haverá resultados?, disse. Bovolin disse que pretende convocar as associações de bairro para discutir os problemas dos balneários. (MA)

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