“A luta contra a violência é de todos”

Na série especial de reportagens sobre as medidas a serem adotadas pelo futuro prefeito de Curitiba, no que diz respeito à segurança pública, o Paraná-Online traz hoje ao leitor uma entrevista com o “prefeiturável” Mauro Moraes. Sabatinado na redação da Tribuna pelos jornalistas Rafael Tavares, Mara Cornelsen, Valéria Biembengut e Patrícia Cavallari, o candidato do PL fez críticas à falta de atenção das autoridades para a questão da violência urbana e prometeu não medir esforços para minimizar o problema, fortalecendo a Guarda Municipal, que funcionará, caso seja eleito, como um braço de apoio às polícias Civil e Militar. Na edição de ontem, o leitor acompanhou a entrevista com Rubens Bueno, da Coligação PPS-PHS. E na edição de amanhã o entrevistado será Beto Richa, da Coligação Curitiba Melhor pra Você. Boa leitura!

Paraná-Online:

Gostaríamos que você falasse do seu programa sobre segurança iniciando com o movimento que você criou contra a violência.
Mauro Moraes – Essa luta contra a violência se chama “Curitiba Sem Violência”, e já existe há quase dois anos. Nós já reunimos mais de 120 mil assinaturas e, em uma maravilhosa carreata, reunindo mais de cinco mil pessoas. Nós entregamos ao governador e ao prefeito de Curitiba um abaixo assinado com algumas reivindicações. Entre elas, a contratação de mais policiais. Na realidade é a reposição; a compra de mais viaturas; a reativação dos módulos policiais e mais armamentos. Temos que armar e equipar muito bem a nossa polícia. Compra de coletes a prova de balas, que grande parte do contingente policial hoje não tem. Também fizemos algumas solicitações ao prefeito, que não pode lavar as mãos. Tem que parar de dizer que segurança é questão do Estado. Segurança, na minha opinião, é questão de todos nós. Hoje a Guarda Municipal tem que aumentar seu contingente e ajudar no combate à criminalidade, auxiliando a Polícia Militar e a Polícia Civil.

Paraná-Online:

Essas reivindicações, em grande parte, não são de competência federal e estadual?
Mauro Moraes – Exato, e já estão sendo atendidas. Algumas são do prefeito. Nós solicitamos ao prefeito a contratação de mais guardas e a colocação de um em cada semáforo de Curitiba, exatamente. Têm semáforos que chegam a ter 20 a 30 assaltos por dia. Bastaria a presença de um guarda municipal armado, para inibir a ação desses bandidos.

Paraná-Online:

Você propõe isso no seu programa de segurança?
Mauro Moraes – Sim, que é coisa do prefeito.

Paraná-Online: Nós fizemos um levantamento e temos 869 cruzamentos com semáforos em Curitiba.
Mauro Moraes – Lógico que não seria em todos, só nos mais perigosos, aqueles que apresentam o maior índice.

Paraná-Online:

Você tem o levantamento?
Mauro Moraes – São 28 semáforos que apresentam acima de 30, 20 assaltos, e outros que apresentam 3, 4, 5. Então, com 60 guardas municipais, hoje, nós cobriríamos os locais que têm maior índice.

Paraná-Online:

Seria uma vigilância de 24 horas ou você também tem o levantamento dos horários com maior incidência criminal?
Mauro Moraes – Não. Depois da meia-noite não, mas acho que até 18h, 20h poderia ser em todos estes 60, e a partir das 20h até a meia-noite, nos mais centrais.

Paraná-Online:

Hoje Curitiba tem 1.300 guardas municipais. Qual o número ideal para a Guarda cumprir sua função?
Mauro Moraes – Hoje tem uma lei municipal que limita até 2.300. Evidentemente, quando eu for eleito prefeito, vou mudar esta lei. Acho que 4 mil guardas municipais seria o ideal. Contrataríamos 500 guardas por ano, para ajudar mesmo a Civil e a Militar a combater a criminalidade. Não é a municipalização, mas puxar para si a responsabilidade. Afinal, o prefeito da cidade serei eu. Tenho que me antecipar à violência. Vou fazer isso aumentando o contingente da Guarda, colocando guardas nos parques, bosques, nos semáforos, em frente às escolas, que hoje são tomadas por bandidos, assaltantes, delinqüentes de todas as formas. Hoje Curitiba está prestes a se tornar a capital da violência e nós não podemos permitir que isso aconteça.

Paraná-Online:

Você não entraria em choque com o governo do Estado, tendo quatro mil guardas municipais, enquanto tem pouco mais de dois mil policiais civis em todo o Paraná?
Mauro Moraes – Pelo contrário, nós temos que ter uma participação em conjunto. A questão de segurança é questão de todos. Eu não quero entrar em choque, quero fugir dessa do Cassio e do Requião. O prefeito da capital não pode ficar brigando com o governador. O interesse de Curitiba está acima, muito acima disso.

Paraná-Online:

A Guarda Municipal foi formada para preservar o patrimônio público. Nesta sua idéia, ela amplia o leque de atividades.
Mauro Moraes – É que as leis mudaram. Na época em que ela foi formada, não podia andar armada, tinha mais uma função de guardiã do que de policiamento. Hoje a Constituição permite que o guarda municipal não só ande armado, como tenha o poder de polícia.

Paraná-Online:

Tudo que se fala em segurança pública esbarra em uma coisa chamada dinheiro. O município teria condições financeiras?
Mauro Moraes – Com certeza absoluta, é só priorizar. Nós temos quase R$ 3 bilhões de orçamento, R$ 2,5 bilhões, fora os recursos externos que entram para o município de Curitiba, que é ajuda federal, estadual.

Tribuna:

Já pensou de que maneira a Guarda Municipal trabalharia de forma integrada com a Polícia Militar?
Mauro Moraes – Vamos aumentar as viaturas da Polícia Militar e vamos trabalhar em conjunto. Se tem um bandido aqui assaltando, a nossa polícia do município vai fazer o mesmo trabalho da Militar. Ela vai prender o bandido e conduzir à polícia (Civil). Agora, se fizer isso hoje, com o prefeito inimigo como aparenta ser do governador, não vai funcionar nunca.

Paraná-Online:

Isso envolve um maior treinamento para os guardas municipais?
Mauro Moraes – Os últimos guardas municipais contratados pela Prefeitura foram treinados pela própria Prefeitura. Eu acho um absurdo o que se criou no município, porque o Exército não quis treinar, o governo não quis treinar, por falta de parceria. Os guardas terão que ser treinados novamente pela Academia Policial Militar do Guatupê (pertencente à Polícia Militar).

Paraná-Online:

Você também fala na construção de módulos policiais nos bairros de Curitiba. Mas eles foram sendo fechados, por falta de policiais.
Mauro Moraes – Estou reivindicando a reativação dos módulos pelo governo estadual. Há um descaso muito grande no nosso Estado com a segurança, principalmente na capital. Se eu não conseguir reativá-los pelo Governo do Estado, pode ter certeza que eu vou fazer os módulos da Guarda Municipal.

Paraná-Online:

Como vai funcionar esta Secretaria Municipal de Segurança Pública? Já não tem hoje a Secretaria de Defesa Social?
Mauro Moraes – Nos mesmos moldes da Secretaria Estadual. Tem a Defesa Social, até nem sei porque tem este nome. Aliás, fala-se tanto em social, mas faltam os serviços para que a cidade seja social. Seria extinguir uma e criar outra. Hoje são 30 secretarias, nós vamos extinguir quase dez e criar duas novas: uma é a Secretaria de Segurança e vamos criar a SAF, que é a Secretaria de Auditoria e Fiscalização.

Paraná-Online:

Qual seria o projeto para inibir a criminalidade e os jovens em situação de risco ?
Mauro Moraes – Pegar todas as escolas municipais que ficam fechadas no fim de semana e abri-las. Colocar ali entretenimentos, como futebol, vôlei, skate, promover torneios, olimpíadas envolvendo todos os 75 bairros de Curitiba. Vou construir um Ginásio Municipal, com capacidade para 10 mil pessoas, para incentivar disputas permanentes. No Tarumã temos um que é do Estado. Ali é um centro de excelência onde só entram pessoas altamente qualificadas. O cidadão não pode nem pôr a cara ali. Ali é só Rexona, Daiane, é só gente especializada. Eu quero fazer para o povo, porque quem precisa desta prevenção é a população que tem tendências de virar criminosa.

Paraná-Online:

Quais seriam os bairros mais violentos da capital?
Mauro Moraes – Hoje o Cajuru já é um Rio de Janeiro. Tem até toque de recolher. Quem mora lá na Vila Autódromo, naquelas favelas do Cajuru, sabe.

Paraná-Online:

Na região central tem muitos bares, casas noturnas, que atraem a marginalidade.
Mauro Moraes – Fecharia todos os que representam riscos e já têm índice de criminalidade, cassaria o alvará. Mas se for a fundo ver quem são os donos, vai investigar para você ver quem são os donos? Para mim não tem figurão. Se está havendo índice de criminalidade, vai ser fechado.

Voltar ao topo