Waldomiro Diniz volta a acusar Cachoeira na CPI dos Bingos

Brasília (AE) – O ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz disse hoje (11), em depoimento à CPI dos Bingos, que foi vítima de uma tentativa de extorsão feita pelo empresário dos jogos José Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. A afirmação contraria as declarações feitas à CPI por Cachoeira, que afirmou ter sido, ele sim, achacado por Waldomiro, como sugere a célebre gravação em o ex-funcionário do Planalto aparece pedindo propina de 1% para Cachoeira.

Na época do encontro, gravado por Cachoeira, Waldomiro era presidente da Loterj, estatal que administra as loterias do Estado do Rio, e os dois negociavam um contrato. "Ele (Cachoeira) mente, mente e mente de novo quando diz que eu o achaquei", afirmou Waldomiro. "Foi ele quem me achacou. Ele não queria cumprir o contrato fechado com a Loterj. Queria apenas explorar a vídeo loteria. Isto eu não pude deixar. A partir do dia que eu disse que ele tinha que cumprir seu contrato com a Loterj, eu nunca mais tive paz."

Waldomiro depôs protegido por habeas-corpus que lhe permitia calar diante das perguntas que quisesse e ainda garantia que ele não seria preso. A versão do ex-assessor da Casa Civil foi recebida com reservas pela CPI. "Ele faltou com a verdade. Não apenas quis se isentar, mas a todos os que o rodeavam. Ficou a impressão de que ele procurava esconder suas funções na Casa Civil", avaliou o relator dos trabalhos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN). "Foram tantas as mentiras que vamos ter de fazer uma acareação de Waldomiro com Carlinhos Cachoeira" propôs o presidente da comissão, senador Efraim Moraes (PFL-PB). Waldomiro disse que não vê problemas em ficar frente a frente com o empresário.

O ex-braço-direito de José Dirceu contou que em janeiro de 2003 foi procurado pelo jornalista Mino Pedrosa, que o avisou da fita registrando o pedido de propina. Waldomiro afirmou ter procurado o empresário, que negou ter o vídeo. Mas pediu que o acompanhasse a uma reunião da diretoria da Caixa Econômica Federal (CEF) com representantes da Gtech, que negociavam um contrato milionário.

Waldomiro negou ter participado de negociações para renovar o contrato. Desmentiu também que tenha indicado o advogado Rogério Buratti para intermediar o negócio. De acordo com informações que chegaram à CPI, Buratti teria pedido R$ 6 milhões para fazer a intermediação. "Não conheço esse Buratti, nunca falei com ele, nunca estive próximo dele nem a 10 nem a 100 metros", reagiu o ex-assessor da Casa Civil. Efraim Moraes disse que a CPI tem documentos que comprovam que Waldomiro influiu na renovação do contrato, para que a Gtech continuasse a deter o monopólio de todo o serviço de loterias da Caixa.

Voltar ao topo