Vetor de reclamações

O elo mais forte da corrente econômica brasileira – os grandes bancos – não encontrou nenhuma razão para vislumbrar saltos de monta no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), mesmo com o intento do presidente Lula de tornar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no vetor de uma série de projetos de investimentos destinados a fomentar o desenvolvimento.

Como ficou claramente delineado pela leitura diária das seções de economia dos principais jornais do País, o conjunto de medidas apresentado pelo governo à sociedade, definido pelo ministro Guido Mantega como ?um trabalho hercúleo?, somente despertou nos segmentos majoritários do ambiente de negócios manifestações de cautela e apreensão quanto ao livre curso da maioria das metas preconizadas pelo PAC.

Economistas dos bancos mais importantes do País, depois de escrutinar o documento liberado pelo governo, chegaram à conclusão que se houver crescimento ele será bastante ?modesto?.

Para o lucrativo setor representado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), a constatação que abriu o rosário de críticas continuou sendo a ausência de medidas concretas no sentido de subtrair gastos públicos em níveis adequados, até porque essa é uma das âncoras que deprimem a capacidade do governo na realização de investimentos. Mantega atribuiu tal incapacidade a problemas fiscais, mas assegurou que o governo está começando a operacionalizar a virada.

Na opinião de Alexandre Schwartsman, economista-chefe do Banco Real para a América Latina e ex-diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, a restrição de gastos públicos deveria ser a plataforma de lançamento do projeto brasileiro de crescimento econômico. A ampliação da reforma tributária foi reclamada novamente pela Febraban, que não se animou com a desoneração prevista para estimular determinados setores.

Quanto à atração do setor privado para investimentos na infra-estrutura, por exemplo, uma das aplicações mais recomendadas pelo mercado para os países emergentes, o obstáculo continua sendo a precariedade dos marcos regulatórios, tida como enorme contradição, à vista do número crescente de investidores em busca de oportunidades.

Voltar ao topo