Verticalização provocará nova disputada interna no PMDB

Depois de resolver a pendência judicial sobre a validade das prévias, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o fim ou não da chamada verticalização levará a mais um round a disputa entre os grupos governista e de oposição no PMDB sobre uma candidatura própria do partido à presidência da República. A tendência do Supremo será manter, em votação nesta semana, a verticalização, a regra que proíbe aos partidos políticos fazerem coligações nos Estados se estiverem em lados opostos na disputa pela presidência da República.

A pressão contra a candidatura própria, hoje identificada e fortemente exercida pelos senadores José Sarney (PMDB-AP) e Renan Calheiros (AL), presidente do Senado, aumentará porque a regra dificultará o partido também nos Estados.

Com um candidato próprio à presidência, o PMDB ficará proibido de se coligar nas eleições majoritárias com o PT e com os partidos de oposição PFL e PSDB. Os tucanos já escolheram o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), para disputar o cargo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PFL deverá estar na mesma chapa com a indicação de um vice. Na avaliação de governistas do PMDB, o partido terá candidatos a governo em 19 Estados e será essa realidade regional que definirá a conveniência da sigla em ter um candidato próprio dificultando as alianças regionais.

Para o governo Lula, além de ficar a nível nacional sem um aliado que tem grande influência nos Estados, a candidatura própria do PMDB poderá resultar em um segundo turno eleitoral, se analisado o quadro atual apontado pelas pesquisas de intenção de votos. No cenário de disputa incluindo o candidato peemedebista Anthony Garotinho (PMDB), torna-se distante o sonho de Lula de vencer no primeiro turno.

Nesse caso, de acordo com as pesquisas recentes, Lula ainda conseguiria ser reeleito, mas haveria um segundo turno dificultando o quadro eleitoral para o presidente. Se a disputa incluísse o governador licenciado do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), no lugar de Garotinho, o cenário seria mais favorável a Lula, que venceria no primeiro turno, de acordo com as pesquisas.

Lula, que tem dois ministros peemedebistas Hélio Costa (Comunicações) e Saraiva Felipe (Saúde) demonstrou irritação com o partido na semana passada por causa das prévias. Além de recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra as prévias o grupo governista pretende enterrar de vez a candidatura própria do partido na convenção do partido marcada para o dia 8 de abril. Essa também será a data de mais uma disputa entre os dois grupos do partido.

O presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP), da ala oposicionista, já avisou que a convenção não poderá anular o resultado das prévias, mas apenas homologar o seu resultado. O grupo governista entende o contrário. A convenção, para esse grupo, poderá acabar com a candidatura própria.

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