Valério pretende falar de suas relações com PSDB de Minas Gerais

Belo Horizonte (AE) – Em depoimento amanhã (06) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza pode abrir a relação histórica entre uma das agências de publicidade dele e políticos de Minas Gerais. Nos últimos anos, as empresas do publicitário assumiram as contas de setores estratégicos de alguns governos tucanos e acompanharam os bastidores dos financiamentos de campanhas eleitorais de vários partidos. A disposição de Valério de citar nomes com os quais as agências mantinham contatos freqüentes motivou o pedido de habeas-corpus preventivo antes de ir à CPI.

A pessoas próximas, Valério tem dito que pensa em trazer novos dados para as investigações para diminuir o ânimo acusatório contra ele. Hoje, a perspectiva de que o novo depoimento trouxesse alguma dose de nitroglicerina deixou o mercado publicitário de Minas em estado de alerta.

A estratégia de envolver nomes de políticos nos relatos havia sido esboçada por Valério no depoimento à Polícia Federal (PF). Ao enumerar políticos das relações, ele citou tucanos como o presidente nacional do PSDB, senador Eduardo Azeredo (MG), e do primeiro escalão da equipe do governador Aécio Neves (PSDB), como Herculano Anghinetti (Turismo) e Daniel de Castro (Governo).

De temperamento explosivo – e irritado com o movimento de alguns clientes da agência, que ensaiam retirar as contas -, Valério planeja dar detalhes da atuação política da empresa e chegou a ameaçar fazer revelações sobre o uso de verbas de estatais em financiamentos de campanhas.

As agências de Valério – SMPB Comunicação e a DNA Propaganda – participaram de campanhas como a do ex-ministro das Comunicações Pimenta da Veiga para a prefeitura de Belo Horizonte e de Azeredo para o governo do Estado, em 1998, e para o Senado, em 2002.

Sócio – O vice-governador de Minas Gerais, Clésio Andrade (PL), entrou como sócio da SMPB em 1996 e salvou a agência de uma coleção de dívidas que chegavam a R$ 6 milhões. Em 1998, Andrade brigou com Valério – os dois são inimigos declarados até hoje – e entrou para o governo, mas a agência continuou atuante na administração pública tucana. Conseguiu contas públicas em todas as administrações do PSDB.

A SMPB é dona do maior contrato publicitário em vigor com o governo de Minas, o da Secretaria de Comunicação. O valor total é de R$ 12,6 milhões. Nova licitação está em curso e foi interrompida por duas vezes, mas a SMPB continua fazendo as campanhas da secretaria e só esgotou as verbas contratuais há duas semanas. A DNA detém a conta da Secretaria de Saúde, e outras pastas estaduais, no valor total de R$ 3,6 milhões.

Também depõe amanhã na CPI dos Correios Fernanda Karina Somaggio, a ex-secretária de Valério na SMPB.

Voltar ao topo