Vale poderá receber ajuda do BNDES para comprar Inco

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) entrou em contato com a Companhia Vale do Rio Doce, colocando-se à disposição da mineradora na operação de compra da mineradora canadense Inco, anunciada nesta sexta-feira (11), segundo informações do presidente da Vale, Roger Agnelli.

Ele não sabe se a Vale vai precisar dos recursos do banco estatal de fomento, mas ressaltou que o apoio poderá ser incluído no pacote que a companhia pretende estruturar nos próximos dois anos.

Agnelli acredita que a operação será concluída, apesar de o preço de oferta, de 86 dólares canadenses por ação, estar abaixo dos preços vigentes no mercado secundário. "Não pretendemos entrar em guerra de preços. Achamos que o valor é alto, mas o ativo é bom. É um preço justo", comentou.

Análise

De acordo com o diretor financeiro da mineradora, Fábio Barbosa, a Vale vai examinar "todas as alternativas" para liquidar a operação de compra da mineradora canadense Inco. Isso inclui também a emissão de ações novas, além de títulos de dívida.

Ele não vê problemas na estruturação da operação e informou que os quatro bancos (ABN Amro, Santander, UBS e Credit Suisse) que assessoram a Vale na oferta já estão montando estratégias para isso. "São muitas opções e o mercado é muito criativo. Acreditamos que esse período de dois anos do empréstimo-ponte será mais do que suficiente para encontrarmos a melhor alternativa para a empresa", comentou. Cada banco está disponibilizando uma linha de crédito de até US$ 4,5 bilhões para a Vale.

Barbosa informou que as agências de rating (risco) estão colocando o crédito da Vale em revisão, para possível reavaliação de risco, mas ele considera o movimento "natural". "É uma operação grande e importante para a companhia. Mas avaliamos que será favorável aos acionistas", comentou. O executivo observou que a operação só se tornou viável pelo fato de a mineradora ter se tornado "investment grade" (grau de investimento), o que reduziu os seus custos financeiros e ampliou as fontes de financiamento. "Essa seria uma operação impensável há dois anos", observou.

Preços

Roger Agnelli acredita que o atual ciclo de alta de preços das commodities deverá se manter nos próximos anos. "A demanda continua muito forte, tanto por minério de ferro quanto por níquel, e acreditamos que esse movimento continuará forte pelo menos até 2010", disse.

O presidente da Vale atribuiu o movimento atual à ausência de investimentos em expansão de recursos minerais nas últimas décadas. "Nos últimos meses, aumentou muito a disputa por recursos naturais. É só verificar o comportamento das fusões e aquisições em andamento", observou.

Agnelli fez essas colocações respondendo à pergunta se a Vale não estaria comprando um ativo "no pico dos preços", com um pesado volume de desembolsos. "O ativo (a canadense Inco) é caro mas é um bom ativo. Acho que é o preço justo", complementou.

No caso do níquel há um outro aspecto, assinalou. É que o sulfeto, um dos ingredientes para a produção do níquel, está com as suas reservas quase esgotadas em todo o mundo. Por isso, novos projetos terão de utilizar outras tecnologias, encarecendo o processo. "A Inco tem uma das melhorias tecnologias no beneficiamento do níquel. E isso dará vantagem adicional à nova empresa", afirmou. Ele lembrou que o cobre ficou "anos e anos" com preços depreciados, ocorrendo o mesmo com diversos outros minerais.

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