Unhas afiadas

O PMDB pode não ser mais nenhum modelo de partido harmônico, com unidade de pensamento e ação capaz de causar inveja nos grêmios políticos co-irmãos. Todavia, está se tornando imbatível campeão no loteamento do espaço concedido pelos demais, ao que parece, manietados por desavenças internas e sem inspiração para a resistência planificada.

Despontando como o partido que vai eleger o maior número de governadores estaduais, o PMDB quer também garantir uma grande bancada de senadores e deputados federais, alimentando o desejo de indicar os presidentes da Câmara e do Senado sem depender do auxílio do governo.

Sob a liderança impositiva dos senadores José Sarney (MA) e Renan Calheiros (AL), o antigo partido-ônibus, mesmo sem exercer o poder em plenitude, elegendo, por exemplo, o presidente da República, abocanha polpudos nacos da máquina administrativa federal.

Três ministérios e diretorias estratégicas de empresas estatais estão em poder de quadros indicados pelo PMDB governista, de quem se diz que já arquitetou sua participação no eventual segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva. O PT não vai bem das pernas e dificilmente terá uma força expressiva no Congresso, embora o governo tenha um fornido estoque de argumentos para derramar na mesa de negociações. O PMDB afia as unhas e lambe os beiços.

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