Uma pedra no sapato oficial

A Assembléia Legislativa do Estado do Paraná seria, em tese, palco favorável ao governador. Ele tem ampla maioria (não tão ampla quanto a do prefeito Beto Richa na Câmara de Vereadores) e conseguiria sempre aprovar seus projetos e vontades. Com uma bancada sempre afável, Roberto Requião não teve tantos percalços, apesar dos estrilos da oposição.

Mas toda hora aparece um dissidente nas hostes governamentais. Deputados do PT e do PMDB não conseguem concordar sempre com as orientações oficiais. Desta vez, o protagonista da cisão da base aliada é o deputado Mauro Moraes (PMDB), que propôs emendas ao projeto de aumento dos servidores públicos e acabou sendo afastado da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pelos líderes da bancada, Waldyr Pugliesi, e do governo na Assembléia, Luiz Claudio Romanelli.

Moraes foi um dos deputados que rodou por vários partidos até chegar ao grande bloco que garantiu a eleição do governador em dois pleitos seguidos. Hoje, abrigado no PMDB, esperava ser uma estrela ascendente no partido. Chegou a sonhar em ser candidato a prefeito, aproveitando sua penetração na periferia de Curitiba mas foi abatido (como tantos outros) em pleno vôo pelos comandados do governador, que impuseram a aliança com Angelo Vanhoni em 2004 e tentam emplacar o reitor da Universidade Federal do Paraná, Carlos Moreira Júnior, neste ano.

Em ano político, tais atitudes podem ter ?retorno?. Sem pretensões no momento, Mauro Moraes poderia manter-se neutro, mas tem seu afilhado político Beto Moraes pronto para tentar a reeleição na Câmara Municipal de Curitiba. Além disso, todos gostariam de aparecer como o responsável pelo aumento de salário do funcionalismo.

Mas o deputado bateu de frente com a tropa oficial. Só que ele não aceitou silente a tentativa de ser emparedado. Reclamou, disse que o governo tem dinheiro para dar o aumento e não quer dar e chegou a usar o termo ?coação?. Saiu da CCJ, mas não vai mudar seus princípios, garante. Será mais uma pedra no sapato oficial.

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