Uma história esquisita

A divulgação da existência de um esquema de falsificação de ingressos já assusta por si. Mas o fato da ?fabriqueta? estar localizada dentro do Estádio Couto Pereira, de propriedade do Coritiba, é muito esquisito. Os nomes do clube e do futebol paranaense entram de novo pela porta dos fundos no cenário nacional justamente quando o Coritiba se recupera do limbo da segunda divisão e o Estado se livra, aos poucos, da herança do ex-presidente da Federação Paranaense de Futebol Onaireves Moura.

O esquema era simples: a empresa que tinha acordo com o Coritiba fabricava os ingressos no Couto Pereira e encaminhava diretamente aos cambistas quando o jogo era em Curitiba. Em outras cidades, membros da quadrilha compravam um ingresso original e o encaminhavam para Curitiba, onde acontecia a falsificação. Grosseira, por sinal, pois saíam todos com a mesma numeração de série.

Com isso, os clubes e os torcedores saíam perdendo. Quando eram identificados, os ingressos eram bloqueados, e o torcedor não entrava no estádio; e quando eles entravam, os clubes perdiam esta receita, que saía direto para o bolso da quadrilha. Descoberta, a trupe confirmou que falsificou entradas para jogos dos campeonatos paranaense e brasileiro, Copa Libertadores e, inclusive, partidas da seleção brasileira.

E os responsáveis pela ?fabriqueta?? Primeiro, a empresa BWA, que era a terceirizada para a confecção dos ingressos. Esta precisa se apresentar logo, explicar os motivos do desvio e afastar de seus quadros os responsáveis. Mesmo assim, sua reputação pode já ter ido por água abaixo.

E o Coritiba? Em nota oficial, o clube afirma que denunciou à Polícia Civil do Paraná o esquema. Ainda bem. Mas como a quadrilha agia há dois anos – isto mesmo, há dois anos – dentro do Couto Pereira, será que nenhum dirigente (principalmente os da antiga gestão) descobriu isto? É quase impossível acreditar que tais cartolas, que se diziam tão ciosos de seu trabalho, não sabiam que se cometiam crimes dentro de seu estádio.

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