É bom ser político no Brasil. É muito bom fazer parte de uma casta de privilegiados. Não é à toa que uma eleição legislativa é praticamente um ?vestibular das urnas?, com milhares de candidatos buscando vagas de vereadores ou deputados. No caso de Curitiba, eles olham com carinho para um valor: R$ 9.200,00, o novo salário dos vereadores, a ser pago para os 38 representantes do povo curitibano a partir da próxima legislatura.
Como tudo que envolve os próprios interesses, o projeto de reajuste foi votado com brevidade, em uma sessão que varou a noite – diferente do que acontece com alguns projetos mais importantes. Como está na lei, os vereadores de Curitiba não poderiam legislar (literalmente) apenas em causa própria, e por isso também aumentaram os salários do prefeito (que subiu para R$ 24.500,00), do vice-prefeito (para R$ 13.400,00) e dos secretários municipais (para R$ 10.200,00). O presidente da Câmara, que recebe salário distinto, teve seu vencimento aumentado para R$ 15.700,00.
Aproveitando um trecho da reportagem de Roger Pereira em O Estado de sexta-feira: ?Os salários de vereadores, presidente da Câmara e vice-prefeito receberam reajustes superiores à inflação dos quatro últimos anos. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado de 2005 até hoje é de 16,6%?. Quer dizer, receberam aumentos superiores aos das pessoas comuns, aqueles que vivem negociando seus reajustes e muitas vezes ficam apenas com o repasse da inflação.
E todas estas pessoas pagam seus impostos (ai de quem não pagar) esperando ver a resposta de tantos tributos em melhorias para a cidade, o Estado e o País. No caso de Curitiba, uma parte destes impostos está indo para a Câmara.
Por mais que se entenda que o trabalho de um legislador é fundamental para o mecanismo democrático, é difícil para a sociedade entender que políticos tenham mais merecimento ou motivos para aumentar seus salários enquanto a maioria sofre com vencimentos defasados. Da forma que está, melhor seguir o conselho de um vereador – candidatar-se para ganhar mais.