Um ano após polêmica com Palocci, caseiro vive de bico

Passado exatamente um ano da demissão de Antonio Palocci (PT-SP) do Ministério da Fazenda, por envolvimento na quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa, o Nildo o inquérito contra o ex-ministro está parado no Supremo Tribunal Federal (STF), onde aguarda parecer do Ministério Público. Enquanto Palocci, hoje deputado federal, com foro privilegiado, lança livro, dá entrevistas e faz palestra como celebridade, Nildo perdeu o emprego, a mulher e a tranqüilidade.

Desempregado, ele vive o estigma do delator e sobrevive de bicos. Atualmente, ganha um salário mínimo – metade do que recebia na época do escândalo, como jardineiro diarista numa casa do Lago Sul. Toda vez que surge uma promessa de trabalho – a última foi na Embaixada do Zimbábue -, é despachado quando o contratante vê a ficha e percebe de quem se trata. ?A minha vida só fez piorar. Fiquei mais queimado do que ele (Palocci) por ter falado a verdade?, lamenta. Nildo é visto com desconfiança e alvo freqüente de chacotas. ?Alguns, além de me recusarem o emprego, ainda perguntam se eu não recebi mesmo propina para denunciar o ministro?, relata. O escândalo ainda agravou o relacionamento entre Nildo e a mulher , que o abandonou, assustada com as conseqüências do caso para si e para o filho. Apesar de tudo, o caseiro garante que não está arrependido e hoje faria o mesmo.

Em março de 2006, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Nildo acusou Palocci, então o mais poderoso ministro do governo, de freqüentar uma mansão no Lago Sul onde lobistas de Ribeirão Preto realizariam festas e negócios escusos. Em retaliação, dirigentes do alto escalão do governo quebraram o sigilo bancário do caseiro e realizaram uma devassa ilegal em sua vida. Quando o escândalo veio à tona, Palocci perdeu o cargo e passou a responder a processo por quebra de sigilo bancário e funcional prevaricação e denunciação caluniosa. Caíram no escândalo o então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, e quatro altos assessores do governo.

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