Trigo rende 32% a mais para o produtor na safra 2006/07

Pela primeira vez, depois de duas safras consecutivas com cotações em baixa, os produtores de trigo do Sul do País estão comercializando o cereal a valores superiores ao mínimo de garantia. Cerca de 80% da safra 2006/07, de 2,234 milhões de toneladas, foi vendida a R$ 26,5 a saca, em média. A cifra é 32,5% maior que a da safra anterior, que foi de R$ 20,00 em média e 10,41% superior ao preço mínimo de R$ 24,00, que vigorou durante o ciclo. Entretanto, mesmo que o produtor esteja saindo do vermelho, o preço pela qual a safra ainda está sendo comercializada não cobre os custos de produção, de R$ 29,63 a saca.

O engenheiro agrônomo da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), Robson Mafiolette, diz que a cotação do cereal deve continuar elevada no decorrer deste ano mediante à escassez mundial. O valor pode ficar a R$ 28,00 a saca, em média. Ao mesmo tempo, ele acredita que os custos de produção devem cair pelo menos 5% devido à depreciação do dólar ante o real, que beneficia os preços dos insumos que geralmente são importados. Isso poderá trazer um equilíbrio entre o preço de comercialização e de produção na safra 2007/08 que começa a ser plantada em março. "A tendência é de redução dos custos dos insumos devido à depreciação do câmbio", disse Mafiolette.

Para o engenheiro, os preços do cereal começaram a subir a partir de 2006 devido aos fundamentos positivos do mercado, de escassez mundial. No Brasil, os estoques públicos do cereal já foram zerados. O governo vendeu as 1,090 milhão de toneladas à indústria.

Mesmo com a quebra de safra no ano passado, por conta das condições climáticas desfavoráveis, as cooperativas dos estados do Paraná e Rio Grande do Sul exportaram cerca de 300 mil toneladas de trigo, para países europeus e do Norte da África. Mas em 2007 os produtores devem direcionar toda a mercadoria ao mercado interno. "Vender o trigo à indústria nacional está sendo melhor do que procurar parceiros no mercado externo", afirma. No mercado doméstico, o cereal está sendo vendido a R$ 440 a tonelada, em média, enquanto que na Argentina o valor de compra é de R$ 457.

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