Tráfico de armas e drogas afetam crise haitiana

Brasília ? A economista e coordenadora de programas do Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (Pacs), Sandra Quintela, disse hoje (10) em entrevista à Agência Brasil que a saída para a crise no Haiti tem que ser resolvida pela ação humanitária. "O problema do país não é um problema militar, é um problema social e econômico. E esses problemas não podem ser enfrentados com soluções militares", defendeu. "Nós poderíamos estar fazendo outro tipo de intervenção, intervenção do tipo humanitária mesmo, mandando médicos, engenheiros. O país precisa ser reconstruído", acrescentou.

Sandra, que esteve no Haiti no ano passado em uma missão internacional para observar a situação no país, destacou que desde o início da missão de paz das Nações Unidas, em junho de 2004, não houve redução significativa na violência. "A presença militar, na realidade, não permite que as forças sociais se manifestem da maneira que elas poderiam estar se manifestando. As forças militares chegaram ao país com promessas de que viria também ajuda para o desenvolvimento. Essa ajuda não tem chegado", disse.

De acordo com estudo divulgado esta semana pela Anistia Internacional e pela Oxfam, a estimativa é que existam 210 mil armas de fogo e outros armamentos leves em circulação no Haiti, a maioria ilegal. O estudo também mostra que a previsão dos governos norte-americano e haitiano é de que cerca de 13 mil armas estão em poder de milícias armadas. Em apenas uma missão médica em Porto Príncipe, capital do país, cerca de 1,4 mil pessoas atendidas, entre dezembro de 2004 e outubro de 2005, eram vítimas de disparos.

O narcotráfico internacional é outra questão que, na avaliação da economista, contribui para a crise no Haiti. "Em torno de 13% a 15% das drogas que chegam aos Estados Unidos passam pelo Haiti", revelou.

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