Tom Maior tropeça com falhas em alegorias

Segunda escola a desfilar no sambódromo do Anhembi na segunda noite do carnaval do grupo especial, a Tom Maior enfrentou dificuldades em sua passagem pela passarela do samba paulista. A primeira alegoria da escola, o carro abre-alas, entrou incompleto na passarela do samba, o que levou integrantes da escola a caírem no choro antes mesmo de sua entrada na avenida. A alegoria que homenageava o arquiteto Oscar Niemeyer desfilou sem duas estátuas e com partes de sua estrutura de madeira à mostra. O presidente da escola, Marko Antonio da Silva, lamentou a falha. De acordo com ele, as chuvas dos últimos dias, aliadas a problemas estruturais da escola, acarretaram na deficiência do carro. “Tivemos dificuldades por causa de chuva e vendaval. Além disso, perdemos integrantes de nossa equipe no decorrer do ano”, explicou o presidente. “Foi um conjunto de fatores que atrapalhou a finalização das alegorias da Tom Maior”, acrescentou.

Marko reconheceu ainda que a escola perderá pontos por conta da falha. “Eu acho que jurado tem que julgar corretamente. Se tiver de tirar ponto, ele deve tirar. Tenho certeza que recuperaremos os pontos perdidos nos demais quesitos”, disse, confiante. Se não bastasse o contratempo inicial, a escola também passou por sufoco no final de sua apresentação. Restando um minuto para o término do tempo permitido de desfile, a bateria da escola ainda não havia atravessado o portão que marca o fim do sambódromo. Desesperada, a madrinha de bateria da escola, a modelo Adriana Bombom, teve acelerar o samba para terminar o desfile a tempo, o que comprometeu a harmonia da escola. A Tom Maior cravou 65 minutos no relógio do sambódromo, tempo de desfile máximo permitido.

Apesar dos contratempos, a escola fez um bom desfile, com direito a carros criativos e acrobatas na avenida. Apostando no dourado e no prata, “cores que representam a modernidade”, segundo o carnavalesco Roberto Szaniecki, a Tom Maior apresentou uma Brasília moderna e luxuosa, com direito a reinvenções de alguns cartões postais da cidade. A igreja matriz de Brasília, por exemplo, teve em sua extremidade superior fixada uma representação do Olho de Horus, símbolo egípcio que representa o poder.

Outro destaque da escola foi a apresentação da comissão de frente, que trouxe para a avenida o rosto do ex-presidente Juscelino Kubitschek, que idealizou Brasília. Além de vir representado pela comissão de frente, JK foi representado no desfile da escola pelo vice-presidente de São Bernardo do Campo (SP), o cantor Frank Aguiar (PTB-SP). Para representar o ex-presidente, Frank foi aconselhado a cortar o cabelo, que mantém comprido há 15 anos. “Não cortei. Os meus fãs não deixaram que cortasse”, disse o cantor antes de entrar na avenida. A apresentação de Frank animou as arquibancadas do Anhembi, que aplaudiram de pé a sua performance.

O desfile da Tom Maior que abarcou as faces turística e gastronômica de Brasília não tocou no tema político, assunto cujos comentários ficaram por conta de integrantes e destaques da escola. Na concentração da escola de samba, o governador José Roberto Arruda (ex-DEM), preso na última quinta-feira por causa do mensalão do DEM (propinas e subornos no governo do DF), esteve presente em comentários e críticas de integrantes e destaques da escola, que comemoravam como título de carnaval o seu afastamento do governo.

O comediante Evandro Santo, conhecido pelo personagem Cristian Pior do programa Pânico na TV, disse que a prisão do governador foi justa, “assim como outros governadores e políticos deveriam ser presos também”. “A prisão do Arruda é um bom começo para a política brasileira, para mostrar que os políticos também não devem desrespeitar a lei.” A apresentadora da rede TV Fá Morena, que é destaque da escola, tem a mesma opinião. Segundo ela, a prisão de Arruda mostra que não há diferenças entre políticos e cidadãos comuns sob o olhar da Justiça brasileira. Também destaque da escola, o cantor e vice-prefeito de São Bernardo do Campo, Frank Aguiar, lamentou o momento atual da política brasiliense. Para ele, está claro que Arruda é culpado. “Todos vimos as imagens pela televisão”, disse, em referência ao vídeos divulgados pela Polícia Federal que mostram Arruda recebendo propina, no caso do mensalão do DEM.

Voltar ao topo