Tilápia brasileira vai alimentar Cuba

Alevinos de tilápia desenvolvidos no Brasil chegam a Cuba nesta semana destinados a qualificar a produção aqüícola do país. Doados pelo governo brasileiro ao governo cubano, os cerca de 800 alevinos de dez famílias da linhagem Gift (Genetically Improved Farmed Tilapia, ou Tilápia de Cultivo Geneticamente Melhorada) vão renovar o plantel de reprodutores, melhorando as criações cubanas através da introdução de peixes com maior qualidade genética. Hoje, a criação de tilápia no país é prejudicada pelo alto grau de consangüinidade, problema causado pelos cruzamentos continuados entre indivíduos da mesma família e ausência de renovação de reprodutores. A importação de alevinos é dificultada pelo embargo comercial imposto ao país.

Os alevinos doados foram produzidos pelo Centro de Ciências Agrárias da Universidade Estadual de Maringá (UEM) a partir de um convênio com a Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca (Seap), que destinou à universidade recursos e material genético para o desenvolvimento de projetos de pesquisa sobre melhoramento genético da tilápia. A UEM hoje é referência em tilápia Gift no continente americano. ?Esses reprodutores comporão em Cuba um núcleo satélite de seleção e difusão desta linhagem no país?, afirma o professor Ricardo Pereira Ribeiro, que coordena o projeto na UEM juntamente com o professor Lauro Vargas. O projeto tem participação também do Instituto de Tecnologia Agropecuária de Maringá.

A doação dos alevinos é um dos frutos do acordo de cooperação em pesca e aqüicultura firmado entre Brasil e Cuba em 2003. Em abril deste ano, o ministro da Indústria da Pesca de Cuba, Alfredo López Valdés, veio ao Brasil acompanhado de uma delegação de especialistas para discutir parcerias e visitar estruturas de produção brasileiras, incluindo o centro de aqüicultura da UEM. Em agosto, o ministro de Aqüicultura e Pesca do Brasil, Altemir Gregolin, foi a Havana conhecer experiências inovadoras do país no setor (como a pesca da lagosta, onde o animal é comercializado vivo, gerando mais qualidade ao produto e mais renda ao pescador). Na visita, o ministro conversou sobre o problema da tilapicultura no país e garantiu o apoio do Brasil no fornecimento de alevinos de qualidade.

Os alevinos doados serão entregues à Estação de Aqüicultura de Manpostón, que espera formar milhares de reprodutores a partir das famílias de tilápias melhoradas. O médico veterinário Rui Donizete Teixeira, assessor técnico da Seap, explica o impacto positivo que a doação vai representar na produção aqüícola do país: ?O melhoramento genético das criações vai proporcionar maior produtividade, com melhor conversão (cada peixe poderá render até 35% de filé, bem mais do que a conversão atual), melhor precocidade de desenvolvimento e conseqüentemente maior rentabilidade para os produtores. Esse ganho também vai representar peixe mais barato para os consumidores?, diz Teixeira, que acompanhará o envio dos alevinos até Havana.

Para o assessor internacional da Seap, Osvaldo Barbosa, a doação vai proporcionar maior oferta de alimentos, contribuindo para a segurança alimentar do povo cubano. E o Brasil também ganha com a cooperação. Um exemplo, cita Barbosa, é a criação de camarão. ?O Brasil pode reforçar seus bancos genéticos de camarão a partir de bancos genéticos livres de enfermidades de que Cuba dispõe?, explica. 

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