Tijuca homenageia fotografia em desfile contagiante

Na segunda noite de desfiles na Sapucaí, a Unidos da Tijuca fez uma apresentação contagiante, em que o enredo sobre a fotografia foi ricamente explorado. Sem Paulo Barros, o atual carnavalesco-sensação do Rio (depois de três anos na Tijuca, ele foi para a Viradouro), a escola mostrou que tem criatividade de sobra – e plena condição de concorrer a um lugar no sábado das campeãs.

A maratona de ontem, quase temática – três das sete escolas cantaram a África-, começou com a Porto da Pedra, que apresentou um emocionante desfile sobre o apartheid. Tudo funcionou – desde o samba, um dos mais bonitos dessa safra, a inovações como a ala das baianas duas vezes maior do que o normal, com 250 componentes. Apesar de a escola não ter conseguido patrocínio da África do Sul, o que foi tentado dois meses antes do carnaval, a agremiação fez rico carnaval. Todos os oito carros tiveram movimento.

Na Tijuca – onde Paulo Barros despontou para o sucesso ao inovar com carros com grande número de componentes fazendo coreografias que funcionavam como alegorias vivas -, sobrou inventividade. O enredo foi desenvolvido pela dupla Luiz Carlos Bruno, ex-parceiro de Barros na escola, e Lane Santana, que veio do Grupo de Acesso.

No carro que mostrava as fotografias turísticas, a platéia era rapidamente transportada do Egito ao México: a estrutura metálica de pirâmide tinha cobertura de placas removíveis, que eram tiradas por "escravos" egípcios. Era quando apareciam divindades astecas. Numa estrutura anexa, "turistas" fotografam tudo. A "viagem" foi feita oito vezes durante a passagem da escola pela avenida, encantando a platéia. Símbolos de outros países também passearam pela Passarela do Samba: o Cristo Redentor, a Torre Eiffel, a Estátua da Liberdade, os guardas reais britânicos.

A Azul-e-Amarela levantou as arquibancadas, com um samba alegre e fácil de guardar. Os versos "pára/o mundo pára/ o mundo pára pra fantasia" eram cantados em uníssono pelos quatro mil integrantes e também pela platéia. As alas mostraram o famoso quadro das sete carinhas dos bebês, fotos de formatura e de casamento. Marilyn Monroe e seu vestido esvoaçante também estava lá – uma ala inteira relembrava a célebre foto da estrela americana.

O fotógrafo Sebastião Salgado foi lembrado numa escultura de um carvoeiro e em alas que reproduziam suas fortes imagens de retirantes e cortadores de cana. Registros de guerras também foram rememoradas, como a imagem do momento em que soldados americanos cravaram a bandeira de seu país no topo do Monte Suribachi, imortalizada como símbolo da vitória norte-americana em território japonês na Segunda Guerra Mundial.

Adriane Galisteu, a madrinha da bateria, representava um flash. Sua fantasia tinha milhares de microlâmpadas – a apresentadora confessou, na concentração, que tinha medo de levar um choque. Pelo que se viu durante sua evolução, não levou. Adriane evoluiu com graça e mostrou que ganhou confiança em uma década de avenida – ela ficou sete anos na Portela e três na Acadêmicos da Rocinha.

"A gente sempre melhora, aprende com o tempo, né?", disse, ainda na concentração. "Dessa vez, me sinto como estreante, porque é meu primeiro ano na escola e venho com essa fantasia diferente". Ela estava acompanhada do namorado, o empresário Gabriel Betti, que fez as vezes de ajudante. "Eu já desfilei uma vez, mas hoje estou aqui para acompanhar a Adriane. Ela fica muito nervosa e pediu que eu viesse.

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