Tesouro descarta recompra agressiva de títulos externos

O secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, afirmou que o Brasil não deve recomprar seus papéis da dívida externa de uma forma tão agressiva como foi feito no ano passado, preferindo estender seu programa de troca de títulos diante da demanda favorável dos investidores. Em entrevista para a agência Dow Jones Newswires antes do seminário "Excelência do Brasil em Transações com Ativos", em Cingapura, Kawall declarou que "não vislumbra a possibilidade de uma redução da dívida da maneira como foi feita nos últimos 14 meses, mesmo se tivermos um programa de recompra".

"Os investidores que detêm bônus brasileiros estão felizes com eles", afirmou. Após as pesadas reduções, Kawall afirmou que o volume total de dívida externa no mercado está ao redor de US$ 63 bilhões. O Brasil recomprou US$ 36 bilhões em bônus de 2005 até agora, além de ter pago, antecipadamente, agências multilaterais e outros investidores.

A última recompra realizada pelo Brasil ocorreu no início de agosto, quando trocou US$ 1,5 bilhão em papéis com vencimentos mais curtos por bônus globais com vencimento em 2037. Desde o início do ano, o País tem recomprado títulos com vencimento até 2012. Recentemente, o secretário afirmou que não vai mais trabalhar com metas em relação à dívida externa, uma vez que está confortável com a posição de suas reservas do País, o que significa que as necessidades de financiamento de 2007 e 2008 podem ser honradas com compras de moeda estrangeira no mercado doméstico ou do Banco Central.

Kawall disse que o governo continua buscando oportunidades para acessar o mercado externo de títulos em dólares, mas "não temos pressa para fazer isso sob o ponto de vista de apenas levantarmos recursos". "Mas se acreditamos que o comportamento da curva dos juros precisa de uma emissão de um título benchmark com uma determinada ‘duration’ ou com uma determinada maturidade que possamos usar para, provavelmente, aposentar outros títulos, ou que há um papel menos líquido ou que não faça mais sentido para o investidor, sim (iremos ao mercado)", disse Kawall. "Não estamos fechando a porta. Vamos olhar oportunidade para ajudar a melhor a curva em reais ou em dólar", completou.

O secretário disse que a confiança dos investidores voltou, após o Brasil ter melhorado seus fundamentos. Além da melhora nos spreads da dívida do Brasil, o nível de confiança do investidor também se refletiu nas decisões das agências de ratings. "Estamos felizes que a eleição presidencial não é mais uma fonte de turbulências para o mercado", completou. "Acho que avançamos, mas precisamos fazer mais progressos e isso implica melhorar o perfil da nossa dívida doméstica", disse Kawall.

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