Terapia celular pode curar mais de 90% dos pacientes com cardiopatia grave

O diretor do Hospital Pró-Cardíaco do Rio de Janeiro, Hans Fernando Rocha Dohmann, desde 2001 está a frente de um dos estudos mais sérios e bem sucedidos do mundo sobre transplante de células da medula óssea para pacientes com problemas cardíacos graves e o resultado dessas pesquisas, com mais de 90% de êxito, caminha para levar o Brasil à liderança mundial nesse tipo de tratamento.

A pesquisa de Dohmann comprova a possibilidade de regeneração do músculo cardíaco lesionado (que sofreu enfarto), a partir da injeção de células-tronco de medula óssea. Os estudos experimentais possibilitaram a descoberta de que há formação de novos vasos sanguíneos na vida adulta e não somente a replicação de capilares a partir de vasos já existentes.

Com base nesse conhecimento, em 2001 o grupo liderado por Dohmann conduziu um estudo com implante de células-tronco de medula óssea em 14 pacientes com insuficiência cardíaca de etiologia isquêmica (que sofriam de isquemia) sem possibilidade de revascularização miocárdica convencional (necessitavam de transplante de coração). Ao fim de dois meses, os doentes demonstraram melhora dos sintomas e recuperação do tecido cardíaco lesionado.

Em menos de quatro anos, dos 21 pacientes que já experimentaram o novo tratamento, apenas dois não apresentaram melhora do quadro. Isso significa que o índice de sucesso do tratamento supera os 90%. De olho nesse resultado o Ministério da Saúde, em parceria com o Ministério de Ciência e Tecnologia, selecionou o assunto como prioritário para as pesquisas na área de saúde.

O acordo entre os dois ministérios prevê investimentos para pesquisa sobre utilização de células-tronco no tratamento de pacientes com problemas cardíacos graves. O estudo deverá ser concluído em três anos, com a utilização de R$ 13 milhões do orçamento do Ministério da Saúde destinado para pesquisas e 1.200 pacientes vão participar do projeto.

Segundo Dohmann, essa iniciativa vai propiciar uma resposta muito consistente sobre o real papel da terapia celular, e, de antemão, já coloca o país como um dos líderes em pesquisas na área de cardiologia. "O Brasil e Alemanha são dois países onde há mais informações – não só quantidade, como qualidade das informações", diz.

Dohmann acredita, também, que em breve o país poderá exportar esses conhecimentos para outros países: "Se a gente demonstrar o efeito da terapia celular e ele realmente for eficaz, naturalmente haverá busca de pacientes estrangeiros pelo sistema (de saúde) brasileiro. Não há nenhum país do mundo onde o Ministério da Saúde esteja incentivando tanto(pesquisas em tratamentos cardiovasculares) quanto aqui".

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