Técnicos denunciam maquiagem da inflação na Argentina

Novas denúncias de manipulações nos dados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) na Argentina ameaçam provocar outro escândalo sobre o assunto. Faltando apenas um dia para a divulgação do resultado da inflação de abril, os funcionários do Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), o IBGE argentino, denunciaram que uma parte da base de dados do índice foi apagada. "Nós, trabalhadores do IPC, queremos informar que desde a segunda-feira, 30, Beatriz Paglieri e suas três pessoas de segurança estão apagando os preços da base do IPC do mês de abril", denunciou a nota dos técnicos.

Paglieri é o nome da discórdia no Indec. Desde que foi nomeada pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, o xerife dos preços, para substituir a técnica de carreira que se negou a manipular os números da inflação de janeiro passado, os números oficiais sobre a inflação e os estimados pelo mercado têm apresentado diferenças grotescas. Os funcionários do organismo não pararam de denunciar a "maquiagem" da inflação dos primeiros meses de 2007. Desgastado perante a opinião pública, Moreno ficou enfraquecido em sua disputa interna com a ministra de Economia, Felisa Miceli.

Aproveitando a debilidade de seu adversário, Miceli resolveu tomar as rédeas do problema e nomeou um novo diretor geral do Indec, hierarquicamente superior a Paglieri. No entanto, a manobra da ministra não evitou novas denúncias. "Não sabemos com qual critério estão fazendo isso, nem quais resultados vão produzir no cálculo do índice do mês de abril", afirma a nota dos funcionários. Aparentemente, explicam, os preços apagados seriam os que têm maior aumento.

Sendo assim, ao substituir as altas, como a da carne, por exemplo, por "zero" na base de dados, o efeito é como se o produto não tivesse sido encontrado nas prateleiras. Nesse caso, seria aplicado o valor do mês passado. "Já não existe mecanismo de controle de qualidade possível porque o procedimento que estão utilizando é desconhecido por todos", reclamam os técnicos na nota divulgada à imprensa. A denúncia coloca em dúvida os números que serão divulgados amanhã. Os economistas do mercado projetam inflação entre 0,6 a 0,8% no mês.

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