Substituto deve representar a continuação, afirma D. Eugenio

Pouco antes de embarcar para Roma, hoje, o arcebispo emérito do Rio de Janeiro,
d. Eugenio Sales, disse que seria "humanamente agradável pensar em um brasileiro
papa". Mas insistiu que a nacionalidade não é o mais importante na escolha do
sucessor de João Paulo II.

D. Eugenio disse ter muito bom relacionamento
com o arcebispo de São Paulo, d. Cláudio Hummes, um dos cotados para a sucessão.
"Não pensei no nome de ninguém. D. Cláudio é muito amigo meu, ver uma pessoa
amiga lá seria humanamente agradável, mas não é necessário espiritualmente",
declarou, ao ser questionado sobre a possibilidade de um brasileiro comandar a
Igreja Católica.

Aos 84 anos. d. Eugenio não votará, mas participará do
conclave que escolherá o novo papa. Ele votou nos dois últimos conclaves, que
escolheram João Paulo I e João Paulo II. Uma diferença em relação aos outros
conclaves, segundo d. Eugenio, é o fato de que haverá reuniões específicas para
discutir como deve ser o perfil do futuro papa. Na opinião de d. Eugenio, o
substituto deverá representar a "continuação, o mesmo perfil do papa João Paulo
II".

D. Eugenio chamou atenção para a comoção mundial causada pela morte
do papa. "É extraordinário que um homem morto atraia tanta gente, é
impressionante que um cadáver provoque a união do mundo, de muçulmanos, judeus,
ateus. Se isso foi possível com a morte do papa, creio que pode ser possível (de
se repetir no futuro). João Paulo II provocou no mundo uma sede de felicidade,
de paz, de concórdia, de combate à miséria", afirmou d. Eugenio.

Sobre os
comentários de que, no pontificado de João Paulo II, muitos teólogos da vários
países foram censurados, em especial os defensores da Teologia da Libertação, d.
Eugenio Sales disse que "o papa tinha que zelar pela doutrina". Sem citar o
frade franciscano brasileiro Leonardo Boff, que em 1985 foi condenado ao
silêncio durante onze meses, e em 1992 desligou-se da Igreja, d. Eugenio Sales
disse que o teólogo foi "silenciado não pelo papa, mas por medidas tomadas na
diocese (do Rio de Janeiro)". Ele lembrou que o papa teve de se manifestar
porque "a própria pessoa apelou para a Santa Sé".

O arcebispo participará
do conclave, mas não ficará no mesmo local dos votantes, no edifício chamado
Domus Sanctae Marthae, o hotel Santa Marta. O arcebispo emérito será hóspede de
d. Karl Romer, secretário da Congregação para a Família, da Santa Sé. D. Romer
foi bispo auxiliar quando d. Eugenio comandou a arquidiocese do Rio de
Janeiro.

Voltar ao topo