Subserviência e bajulação

Antecedendo o feriadão que acaba hoje, em meio às discussões sobre a CPMF, alguns integrantes do mundo político julgaram encontrar um mote ideal para ocupar espaço na mídia. Fomentou-se, em paralelo, o debate sobre a probabilidade do terceiro mandado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em amparo ao presidente, mesmo sem saber se agiu por constrangimento ou coerência, diga-se que usou toda a energia para condenar a sugestão, na interpretação de muitos observadores, uma lamentável excrescência.

De outro lado, um notório mal-estar quase arruinou o final de semana prolongado do presidente da Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que prontamente desautorizou a versão que havia permitido o desarquivamento da proposta do ex-deputado Inaldo Leitão (PR-PB), facultando a prerrogativa da reeleição ilimitada aos ocupantes de cargos majoritários.

O presidente da Câmara explicou que o desarquivamento é automático e garantido pelo regimento interno ao interessado direto, no caso o deputado Fernando Ferro (PT-PE), ardoroso defensor do terceiro mandato. Chinaglia esclareceu que alguns jornais associaram a iniciativa à sua pessoa, ?numa análise ardilosa que contraria todos os fatos?.

A proposta de Leitão foi apresentada em 1999 e mesmo aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), nunca avançou no plenário, onde continua a ter ?chance zero?, segundo avaliou Chinaglia. Sua posição é transparente: ?Mais provável é que a gente acabe com a reeleição no Executivo do que se permitir a re-reeleição?.

O momento exige respeito à Constituição e lucidez, antídotos certeiros contra a praga da subserviência bajulatória.

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