Solução adequada

Terminou, com o pedido de renúncia de Milton Zuanazzi da presidência da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e a vitória aparente do ministro da Defesa, Nelson Jobim, a inusitada queda-de-braço que se estendeu por mais de dois meses entre o titular da pasta e o desgastado servidor.

Ao que se sabe, Zuanazzi teria sido indicado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar o cargo pelos ministros Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, e Walfrido dos Mares Guia, da Articulação Institucional.

Fica indesculpável, portanto, o sofisma de que a nomeação se deveu ao ranço ancestral do apadrinhamento político em voga no Brasil desde a época das eleições a bico-de-pena, quando afilhados de coronéis sertanejos eram alçados aos píncaros da administração pública, migrando a prática abusiva do Império para a República.

Mesmo sem adentrar o delicado campo das razões de ordem idiossincrática que antagonizaram Jobim e Zuanazzi, também não se poderá concluir de forma peremptória que a nomeação do segundo para o comando da agência destinada a estabelecer a interface entre o governo e o sistema de aviação civil tenha sido um prêmio atribuído a um colaborador desempregado.

Seria crassa irresponsabilidade dos patrocinadores da indicação, até hoje em silêncio obsequioso, se a mesma tivesse seguido a trilha da carcomida visão paroquiana da práxis política. Se foi nomeado, o agora renunciante haveria de possuir qualidades mínimas para assumir a função sob a anuência presidencial, mais ainda blindado com a extensão do mandato até 2011.

Caso contrário, o governo não poderá fugir da obrigatoriedade de admitir perante a sociedade que induzido por maus conselheiros foi levado a escalar dirigentes inábeis para cargos estratégicos na gestão pública. Como entender de outra forma a copiosa safra de anomalias produzida por antigos dirigentes da Anac e da Infraero?

Ocorre que Zuanazzi foi abalroado pela crise da aviação civil, assim como o ex-ministro Waldir Pires, que não teve meios para conter a insubordinação dos controladores de vôo nos aeroportos mais movimentados do País. No mesmo diapasão, é difícil eximir o governo da maior parcela de culpa, tendo em vista a falta de vontade política para intervir de maneira proativa num setor vital para o desenvolvimento da economia como a aviação civil. Substituir peças no tabuleiro não significa a solução definitiva.

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