Sócios do Mercosul adiam decisões polêmicas

Os chanceleres dos cinco países do Mercosul adotaram uma tradicional fórmula do governo Luiz Inácio Lula da Silva para resolver as duas questões mais polêmicas para o bloco: a postergação de qualquer decisão e a criação de grupos de trabalho para estudá-las.

Reunidos no Conselho do Mercado Comum (CMC) ontem no Rio, instância decisiva do Mercosul, os ministros adiaram para abril a decisão sobre as medidas sugeridas pelo Brasil para impulsionar setores produtivos de Uruguai e Paraguai e suas exportações para os grandes do bloco.

Os chanceleres fixaram um prazo de 180 dias – prorrogável por mais 180 – para que outro grupo de trabalho decida se a Bolívia poderá ser o sexto membro pleno do Mercosul. No caso da Venezuela, preferiram atrasar até o fim de abril a conclusão das negociações sobre o cumprimento das normas de livre comércio e da união aduaneira.

De efetivo, restou para os chanceleres aprovarem 11 projetos de desenvolvimento das economias menores – três do Uruguai, cinco do Paraguai e mais três para o bloco, dentre eles um de combate à aftosa – que serão financiados pelo Fundo de Convergência do Mercosul (Focem). O fundo terá só US$ 125 milhões em caixa até o fim deste ano, dos quais US$ 87,5 milhões aportados pelo Brasil.

A fórmula da postergação de decisões polêmicas está presente na história do Mercosul, em especial desde que começou a ser efetivamente implementado, em janeiro de 1995. Mas a sua repetição causou estranheza por sua contradição com a mensagem do governo brasileiro de que o bloco é uma ?realidade inevitável? e se mostra mais fortalecido que nunca. As decisões do CMC devem ser aprovadas hoje, no encontro dos presidentes dos cinco países.

O ingresso da Bolívia no Mercosul causou polêmica por conta da exigência de seu presidente, Evo Morales, de esquivar o país de cumprir a Tarifa Externa Comum (TEC) – instrumento que confere a um processo de integração o caráter de união aduaneira. Envolvido em seu interesse de promover maior estabilidade no país vizinho, o governo Lula pretendia pressionar seus sócios em favor da aprovação rápida da adesão da Bolívia, mesmo com a concessão de ?facilidades temporárias? em relação à TEC. Igualmente interessados em obter um tratamento similar, Uruguai e Paraguai não intervieram na questão.

Voltar ao topo