Serraglio afirma que CPI dos Correios é “júri popular”

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), condenou ontem o suposto "acordão" que seria feito na Câmara pelo PT com os partidos aliados para inocentar os deputados que receberam recursos do esquema montado pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como o operador do "mensalão".

Num discurso contundente aos integrantes da CPI, Serraglio afirmou que os deputados que não forem punidos pelo Congresso não conseguirão se reeleger nas eleições de outubro.

Ele disse ainda que a CPI funciona como "um júri popular". "Quem não for depurado agora, será depurado com o voto em outubro", disse. "Espero que não seja verdadeira a engenharia que está sendo construída na Câmara de que eu ajudo o seu partido, você ajuda o meu partido e nós vamos abafar o que está acontecendo", completou. Em meados de dezembro, os deputados livraram da cassação o deputado Romeu Queiroz (PTB-MG), acusado de ser o beneficiário de R$ 452 mil das contas de Valério.

Queiroz foi o primeiro parlamentar acusado de receber recursos do esquema a salvar-se da perda de mandato. Faltam ser julgados outros 11 parlamentares que sacaram recursos do valerioduto. As declarações feitas por Serraglio foram uma resposta às críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista ao programa "Fantástico", da Rede Globo de Televisão, ao trabalho da comissão.

O relator da CPI dos Correios afirmou que não está preocupado com o relatório final porque a população acompanha, diariamente, as sessões da comissão e que, por isso, tem instrumentos para "firmar seu próprio juízo de convencimento, à medida que tem acesso aos depoimentos e provas".

"Não estou preocupado com o relatório final. Nós vivemos hoje um grande júri popular. Há um júri popular, aberto, franco e os juízes estão em casa assistindo", argumentou. "Daí a surpresa quando se diz que não tem prova", emendou, referindo-se à entrevista de Lula.

Para Serraglio, o fato de ele ter reconhecido que houve um erro do PT foi positivo. O relator da CPI afirmou ainda que o parecer parcial apresentado em dezembro fez um balanço das atividades da comissão nos aspectos mais expressivos da investigação.

"Não houve nenhuma omissão intencional nem opinião pessoal", declarou. Serraglio criticou ainda a elaboração de um documento paralelo ao texto final, que seria articulada pelo deputado Carlos Abicalil (PT-MT). "Causa-me espécie quando se fala em relatório paralelo de algo que ainda nem existe", observou.

O relator adjunto da CPI, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), acredita que Lula "mente, descaradamente", ao dizer que não tinha conhecimento do suposto esquema montado de pagamento de parlamentares em troca de voto favorável a projetos de interesse do governo. "O presidente lidera um processo de minimização de crimes gravíssimos praticados por uma gangue que se instalou no poder", acha.

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