Senadores da oposição apontam elementos para impeachment de Lula

Senadores do PSDB, PFL, PMDB e PDT apontaram hoje a existência de elementos para abertura de processo de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um dos mais enfáticos, o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), disse que Lula é o responsável pela "quadrilha" montada para manter o PT no poder, conforme denúncia apresentada ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza.

Para Jereissati, o "grande responsável pela formação da quadrilha é o presidente da República no regime presidencialista". "É isso que está dito de uma maneira explícita politicamente", disse. Segundo ele, a organização criminosa foi "montada pelo núcleo central do PT a partir do governo Lula". "Eu não sei se existe registro na história de uma denúncia tão grave feita não por uma oposição, por um libelo de um jornalista, por um articulista, por um discurso mais inflamado de alguém, mas pelo Ministério Público Federal (MPF), nomeado pelo próprio presidente de República", disse o dirigente tucano.

Os parlamentares oposicionistas afirmaram, porém, que falta pressão da opinião pública para se pedir a abertura de processo de impedimento. "Não há condições políticas para o impeachment", admitiu o senador Jefferson Peres (PDT-AM), pedindo para que a população "acorde". "Eu não vou pedir o impeachment, mas já há motivos para isso. No tempo do Collor, não se identificou o comando da operação dentro do Palácio do Planalto. Agora, isso foi identificado no Planalto", afirmou, ao discursar da tribuna do Senado.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio(AM), subiu à tribuna para manifestar o espanto com a denúncia e com a falta de manifestações enfáticas do governo em defesa de Lula e do PT. "Eu fico impressionado porque nenhum frisson, nada de anormal, ninguém se choca mais com nada. Daqui a pouco, vai começar a passar gente correndo sem roupa e vamos achar que está normal também. Entendeu? Não está normal. Ou seja, eu quero um pronunciamento do governo sobre o dr. Antônio Fernando, que está dizendo que tem uma quadrilha dirigindo este País formada por 40 pessoas", afirmou.

Em aparte ao discurso de Virgílio, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que o procurador-geral da República não citou Lula porque "não quis". Segundo ele, há elementos para denunciar o presidente como sendo o responsável pela organização criminosa "Eu não tenho dúvida: ele (Lula) é o grande responsável por ação. Se não fosse o grande responsável por ação, alguém tinha de ser internado porque a omissão é doentia. Tudo isso aconteceu em volta dele. Ele não sabe de nada? Realmente, é uma pessoa que não estaria em condições de presidir um país. Deveriam pedir uma análise de psiquiatra para dizer: ‘Olha, este homem não conhece as coisas, não diferencia o verde do azul, não sabe o certo do errado’", discursou Simon.

Também em discurso, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) declarou que o procurador demonstrou que há motivos para o impeachment, lembrando que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) "demonstrou que o impeachment é indispensável". Afirmou, no entanto, que a oposição não quer a abertura de processo de impeachment. "Nós queremos o impeachment nas urnas", discursou.

Em resposta aos ataques, a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), reconheceu que a denúncia do procurador-geral é "dura e de peso significativa", mas disse que os acusados pelo Ministério Público (MP) ainda não foram considerados culpados. Ela salientou a isenção do procurador, que foi indicado por Lula

No plenário, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) lembrou que integrantes do PSDB também praticaram crime, citando a denúncia de prática de caixa dois. "Ele (o procurador) também registra que a origem do procedimento ocorreu com outros partidos. Vossa Excelência sabe que, inclusive, o próprio PSDB está na origem desse problema. Terá o PSDB, como o PT e os seus membros, todo o direito de defesa. Mas quero aqui registrar a importância da atitude independente do Procurador", discursou.

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